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Reportagens

Recife e o primeiro Artplex (2000)

Em 2000, a notícia de que a capital pernambucana ganharia 8 salas de excelência no Recife Antigo.

Por Luiz Joaquim | 28.03.2018 (quarta-feira)

— texto publicado originalmente no Jornal do Commercio (Recife), 1º de março de 2000
— Reportagem apurada e coescrita com Kleber Mendonça Filho (acima, Adhemar Oliveira em foto de Vládia Lima)

O Recife será a primeira cidade brasileira a hospedar um novo conceito em exibição cinematográfica: o artplex, aprimoramento do já estabelecido sistema multiplex mas com uma preocupação especial em relação à programação, estrutura física e, especialmente, a formação de plateias voltadas para filmes de maior conteúdo. A localização do Artplex será no edifício Chantecler, no Bairro do Recife. O projeto faz parte Paço Alfândega, que prevê a criação de um Festival Mall (shopping de eventos) no prédio vizinho, de propriedade da Santa Casa da Misericórdia. A novidade foi revelada em entrevista ao Jornal do Commercio por Adhemar Oliveira, responsável pelo Circuito Espaço de Cinema, em São Paulo.

Oliveira está à frente de uma rede de exibição que investe no chamado “circuito alternativo cinematográfico” desde 1993. O Circuito Espaço (que inclui o Espaço Unibanco de Cinema, em São Paulo) conta com dez salas na capital paulista, duas em Juiz de Fora, Minas Gerais, e outras duas em Fortaleza, Ceará. E mais: em São Paulo, foi aberta, em janeiro, a Sala UOL, parceria com Leon Cakoff, da Mostra Internacional de Cinema de SP, e o Universo On Line.

Em quase sete anos de trabalho, cerca de quatro milhões de espectadores frequentaram as salas do Circuito Espaço, prestigiando um perfil de programação que foge do rótulo meramente “comercial”, mas que comprova a força de filmes de qualidade exibidos em salas confortáveis e bem equipadas. Oliveira foi também um dos fundadores do Circuito Estação Botafogo, no Rio de Janeiro, de onde desligou-se há dois anos.

“O conceito artplex é inédito no Brasil, muito embora eu o veja como uma expansão do que já trabalhamos no Espaço Unibanco, ou seja, um grupo de salas sob um mesmo teto com programação diferenciada, excelente projeção, livraria e cafeteria. A diferença é que iremos expandir o número de cinemas, aumentando o conceito de multiplicidade, mais próximo do que os multiplex oferecem”, explica.

Diferente dos multiplex, no entanto, que têm preocupação estritamente comercial com seus produtos (filmes, refrigerantes e pipoca), Oliveira esclarece que parcela importante desse trabalho será a formação de plateias via tratamento diferenciado e projetos culturais como mostras temáticas, exibição de curtas, a revista Cinema (a melhor do Brasil, vendida a R$ 1) e Projeto Escola, além de maior espaço para a produção nacional.

BAIRRO DO RECIFE – O primeiro artplex do Brasil será instalado no prédio Chantecler, talvez o mais belo do Bairro do Recife e que terá sua fachada totalmente restaurada ao custo previsto de R$ 4.2 mi. Quem está à frente do projeto é Álvaro Jucá, da Diagonal Urbana Ltda.

Para que o cinema funcione efetivamente, Oliveira adianta que o Artplex, sozinho, deverá consumir R$ 3,5 milhões que serão investidos em equipamentos de projeção de última geração. Os cinemas do complexo terão, no mínimo, a mesma qualidade de projetores (modelo Cinemecanica Vitoria V) e do equipamento de som (dolby digital, SR e A) do Circuito Espaço de Cinema.

Serão oito salas, com as duas maiores no primeiro piso e as restantes com uma média de 100 espaços. A capacidade total do complexo será 877 poltronas.

O perfil da programação será o mesmo que transformou o Circuito Espaço em exemplo nacional de projeto cultural bem sucedido e prestigiado pelo público. Filmes das mais diversas nacionalidades, assim como lançamentos do que a produção americana tem de melhor para oferecer, com ênfase especial nos “independentes”.

No térreo, haverá um Café Concerto, com capacidade para 600 pessoas. “Teremos um palco com 150 metros, como o Credicard Hall”, conta Rubens Simonsem. Ele é o diretor da Shopping Council, empresa responsável pelo planejamento do projeto Paço Alfândega/ Chantecler. O Café Concerto vai funcionar como uma alternativa para que grupos de expressão cultural local, promovam espetáculos diariamente, e assim efetivar o hábito de um Happy Hour no Bairro do Recife. Os espetáculos devem acontecer a partir das 19h, com duração de 30 minutos.

Outro chamariz para um público mais exigente é a presença de uma espécie de cinelivraria, também no primeiro piso do Chantecler. A loja, ainda a ser definida, não vai concorrer com a mega-livraria que funcionará no Paço Alfândega. A cinelivraria vai disponibilizar títulos raros com temática voltada, logicamente, para a sétima arte.

O projeto prevê o início das obras em abril, quando começa a campanha comercial do empreendimento. A expectativa é de que todas as instalações estejam prontas para inaugurar entre abril e julho de 2001.

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