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Festivais

23ª Tiradentes (2020) – programação

Inicia em 24 de janeiro. Acontece por nove dias e exibe 113 filmes, sendo 81 curtas (8 de Pernambuco).

Por Luiz Joaquim | 15.01.2020 (quarta-feira)

– com infos da assessoria da Mostra. Acima, os homenageados Camila e Antônio Pitanga em foto de Leo Lara

A Mostra de Cinema de Tiradentes, maior evento do cinema brasileiro, chega a sua 23a edição, de 24 de janeiro a 1o de fevereiro de 2020, com oferta de uma programação diversificada, intensa e gratuita. Serão nove dias de evento com exibição de 113 filmes (31 longas, 1 média e 81 curtas-metragens), divididos em 53 sessões de cinema, e ainda, promove 39 mesas de debates, diálogos audiovisuais e a série Encontro com os Filmes, performances artísticas e musicais, oficinas e lançamentos de livros. A cidade histórica mineira será transformada na capital do cinema brasileiro e irá receber toda infraestrutura com instalação de quatro espaços principais para sediar a programação e receber milhares de turistas: Cine Copasa na Praça, Cine-Tenda, Sesc Cine-Lounge e Centro Cultural Sesiminas Yves Alves.

“Em 2020, celebramos 23 anos de existência da Mostra de Cinema de Tiradentes, uma trajetória rica que testemunha a força e a diversidade do cinema brasileiro e, cada edição honra com o compromisso de valorizar, promover e apresentar ao público o que é produzido no Brasil, além de ser um lugar de inovação e criatividade, de formação e reflexão, de manifestação e intercâmbio da nossa cultura”, ressalta Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra Tiradentes.

A abertura da Mostra acontece no dia 24 de janeiro, sexta, às 21h, no Cine-Tenda com homenagens aos atores Antônio Pitanga e Camila Pitanga e exibição, em pré-estreia mundial, de “Os Escravos de Jó”, do cearense Rosemberg Cariry, que conta com Antônio Pitanga no elenco. Na ocasião, também será realizada performance audiovisual apresentando a temática desta edição “A imaginação como potência”, proposta pelo crítico Francis Vogner dos Reis que assina a coordenação curatorial do evento.

TEMÁTICA – A IMAGINAÇÃO COMO POTÊNCIA – A 23a Mostra Tiradentes será norteada pela temática “A imaginação como potência”. A proposta é uma tentativa de ser propositivo diante de um cenário incerto, olhar adiante e enxergar na arte e na criação os caminhos possíveis para novos rumos.

A constatação é de que, mesmo numa época de dúvidas e de deslegitimação das instâncias oficiais, o cinema brasileiro vive um momento de absoluta efervescência criativa e de recepção. “O que emerge na atual produção no país é o desejo de interpretar nossa experiência hoje, de projetar caminhos possíveis, de provocar imagens que nos remetam a uma perspectiva sobre o passado tendo em vista não só um olhar original sobre fraturas sociais e políticas, mas também uma superação destas num desejo de futuro”, destaca Francis.

Parte da programação foi pautada pela temática, com o objetivo de apresentar empiricamente através dos filmes as ideias que permearam suas escolhas. Além de vários títulos dentro das diversas mostras, um recorte específico leva o nome da temática e reúne três longas “Sofá” (RJ), de Bruno Safadi; “Cavalo” (AL), de Rafhael Barbosa e Werner Salles, e “Um Dia com Jerusa” (PE), de Viviane Ferreira e quatro curtas (“A Felicidade Delas” (SP), de Carol Rodrigues; “Pattaki” (SE), de Everlane Moraes; “O Verbo se Fez Carne” (PE), de Ziel Karapotó; e “Inabitáveis” (ES), de Anderson Bardot). Duas mesas do Seminário do Cinema Brasileiro irão discutir o assunto: uma no dia 25, às 10h15, com a presença de toda a equipe curatorial da Mostra (Francis Vogner, Lila Foster, Pedro Maciel Guimarães, Camila Vieira e Tatiana Carvalho Costa); e outra no dia 26, às 15h30, com os pesquisadores Ivana Bentes, Bernardo Oliveira e Helena Vieira.

HOMENAGEM | ANTÔNIO E CAMILA PITANGA – Pai e filha, homem e mulher, negro e negra, 80 e 42 anos. Ícones de seus próprios tempos, por motivos e trajetórias distintos, Antônio Pitanga e Camila Pitanga, homenageados da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes, emulam em seus corpos e posturas a brasilidade mais original e singular, o talento e a presença de quem vivencia as contradições do país por dentro. Celebrar os dois juntos é afirmar não só seus caminhos, mas também reconhecer suas diferenças – criativa, simbólica e política.

Antônio Pitanga participou da revolução do Cinema Novo, entre o final dos anos 1950 e meados dos anos 1970, e Camila Pitanga ocupa o imaginário da TV e do cinema nas últimas duas décadas. Em ambos estão a diversidade e a força de duas formas de trabalhar e mapear uma história do audiovisual que os atravessa. Parte disso poderá ser conferido na Mostra Homenagem, com os longas “Na Boca do Mundo” (RJ/ 1978), única incursão do veterano ator no ofício de direção; “Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios” (SP/ 2011), de Beto Brant e Renato Ciasca, no qual Camila está em seu papel mais intenso; e “Pitanga” (RJ/ 2016), documentário de Brant e Camila sobre a vida e carreira de Antônio. Além dos filmes e da presença dos dois homenageados no evento, ambos serão tema de uma mesa de debates, que vai discutir, no dia 25 (sábado), às 12h30, a importância de seus trabalhos. 

LONGAS E MÉDIA – Na programação de longas e médias-metragens, serão exibidos 32 títulos em pré-estreia (31 longas e 1 média), divididos em oito seções temáticas (Aurora, Olhos Livres, Homenagem, A Imaginação como Potência, Foco Minas, Praça, Mostrinha e Sessão Debate). Os curadores Francis Vogner dos Reis e Lila Foster assinam a seleção.

Alguns títulos de circulação internacional ou premiados em festivais importantes dentro e fora do Brasil estão na programação, como “Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou” (SP), de Barbara Paz, premiado no Festival de Veneza; “Pacarrete” (CE), de Allan Deberton, premiado no Cine Ceará; “Sete Anos em Maio” (MG), de Affonso Uchôa, melhor filme na seção Novos Rumos do Festival do Rio; e “Três Verões” (RJ), de Sandra Kogut, pelo qual Regina Casé ganhou prêmio de melhor atriz no Festival do Rio. Nomes veteranos de vasta carreira voltam a Tiradentes com seus novos trabalhos, casos de Lírio Ferreira “Acqua Movie” – (PE); Helvécio Ratton “O Lodo” – (MG) e Geraldo Sarno “Sertânia”- (CE).

A Mostra Aurora exibe oito títulos de cinco estados que terão pré-estreia no evento. Em comum, todos lidam com a realidade brasileira através de chaves de reinvenção, reconfiguração ou alegoria, seja em documentários que olham diretamente para determinado espaço ou acontecimento, seja numa ficção de época ambientado no século XIX. Os filmes escolhidos para a Mostra Aurora 2020 são: “Cabeça de Nêgo” (CE), de Déo Cardoso; “Cadê Edson?” (DF), de Dácia Ibiapina; “Mascarados” (GO), de Marcela Borela e Henrique Borela; “Pão e Gente” (SP), de Renan Rovida; “Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu” (SP), de Bruno Risas; “Canto dos Ossos” (CE), de Jorge Polo e Petrus de Bairros; “Natureza Morta” (MG), de Clarissa Ramalho; e “Sequizágua” (MG), de Maurício Rezende. Os filmes vão ser avaliados pelo Júri da Crítica e concorrem ao Troféu Barroco e a prêmios de parceiros do evento, além do Prêmio Helena Ignez, dado a um destaque feminino.

Pelo quarto ano, a Mostra Olhos Livres apresenta trabalhos de realizadores com alguma trajetória consolidada e em constante expansão de invenções e novos sentidos de apreensão. Avaliados pelo Júri Jovem e concorrendo ao Prêmio Carlos Reichenbach, os títulos deste ano são “Até o Fim” (BA), de Ary Rosa e Glenda Nicácio; “É Rocha e Rio, Negro Leo” (RJ), de Paula Gaitán; “Fakir” (SP), de Helena Ignez; “Sertânia” (CE), de Geraldo Sarno; e “Yãmĩyhex: As Mulheres-espírito” (MG), de Sueli Maxakali e Isael Maxakali.

Como tem sido praxe nos últimos anos, as sessões da Mostra Praça serão seguidas de bate-papo dos diretores e diretoras com o público presente, sempre com mediação de curadores da Mostra. Os longas e curtas em 2020 encontram canal direto de diálogo com os espectadores. Alguns dos filmes são “Mães do Derick” (PR), de Dê Kelm, “Raízes” (SP), de Simone Nascimento e Wellington Amorim, e os citados “Três Verões” e “Pacarrete”.

Na sessão de encerramento, na noite do dia 1º de fevereiro, a Mostra exibe “A Torre” (MG), segundo longa-metragem do mineiro Sérgio Borges e seu primeiro filme uma década depois do premiado “O Céu sobre os Ombros” (MG/ 2010). No novo trabalho, Enrique Diaz interpreta André, homem que se isola numa floresta para lidar com as perdas de sua vida e acaba sendo desafiado por memórias e culpas que tentou deixar para trás.

Imagem da Cine Tenda em foto de 2019 feita por Jackson Romanelli/Universo Produção

A DIVERSIDADE DA PRODUÇÃO DE CURTAS  – A seleção conta com 81 curtas-metragens, vindos de 14 estados, espalhados por 10 seções. Os filmes da edição 2020 vêm de Alagoas (3), São Paulo (18), Minas Gerais (17), Pernambuco (8), Rio de Janeiro (11), Rio Grande do Norte (2), Paraná (7), Santa Catarina (1), Rio Grande do Sul (3), Goiás (4), Paraíba (2), Tocantins (2), Espírito Santo (2) e Sergipe (1). Eles serão apresentados dentro das mostras Foco, Panorama, Foco Minas, A Imaginação como Potência, Formação, Jovem, Mostrinha, Praça e Valores. Assim como a Mostra Aurora nos longas, a Mostra Foco é avaliada pelo Júri da Crítica.

A curadoria de curtas-metragens foi feita pelo pesquisador e professor Pedro Maciel Guimarães, pela crítica Camila Vieira e pela professora Tatiana Carvalho Costa. Ao longo do processo de seleção, algumas linhas estéticas acabaram se desenhando. Uma delas é a invenção de narrativas alegóricas para tratar do presente e, ao mesmo tempo, dimensionar traumas históricos do país – o que pode ser visto em títulos como “Inabitáveis” (ES/ Anderson Bardot), “O Verbo se Fez Carne” (PE/ Ziel Karapotó), “A Mulher que Eu Era” (MG/ Karen Suzane) e “Relatos Tecnopobres” (GO/ João Batista Silva).

Também importante na mostra é a reconfiguração do realismo a partir de uma abertura para explorar elementos do artifício que inventam formas de fabulação, como em “A Felicidade Delas” (SP), de Carol Rodrigues e “A Viagem do seu Arlindo” (ES), de Sheila Altoé. De um modo geral, as linhas estéticas nestes filmes propõem modos de fazer cinema numa conexão mais próxima com a temática.

SEMINÁRIO | DEBATES – Pelo 23º ano, o Seminário do Cinema Brasileiro é espaço fundamental do evento dedicado a reflexão, encontros, diálogos, ideias e perspectivas do cinema no país. Reúne profissionais do audiovisual, da crítica, acadêmicos, pesquisadores, jornalistas no centro dos debates, discussões e conversas. Extensão da experiência dos filmes, o Seminário anualmente atrai mais de uma centena de participantes e é marca registrada da Mostra.

Ao todo serão 39 debates para refletir o momento atual do cinema brasileiro sendo 20 debates que integram a série Encontros com os Filmes, que reúne críticos convidados para debater títulos das mostras Aurora, Foco e Olhos Livres; um debate internacional, com a presença de convidados que vão apresentar como está o cinema brasileiro no exterior; três debates temáticos; um debate dedicado aos homenageados; e um debate com curadores e 13 que integram as Sessões-Debate e bate-papos da sessões da Praça e Formação . As atividades do Seminário acontecem no Centro Cultural Sesiminas Yves Alves, também com entrada franca. 

PRESENÇAS INTERNACIONAIS – Nos últimos anos, a Mostra de Cinema de Tiradentes tem levado à cidade mineira importantes nomes do cenário audiovisual mundial para acompanharem o evento. Atuando como “olheiros” privilegiados, os convidados têm a oportunidade de conhecer em primeira mão o cinema brasileiro contemporâneo que ganha as telas na Mostra.

Em 2020, estarão presentes cinco convidados internacionais, representando festivais, instituições e publicações de várias partes do mundo. De Portugal vem Miguel Valverde, curador do Indie Lisboa, codiretor da Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português, professor de Promoção de Cinema no Instituto Politécnico ESAD e de Cinema Experimental na Universidade Nova de Lisboa. Da Espanha, a presença é de Nuria Cubas, diretora artística do Filmadrid – Festival Internacional de Cinema de Madri. Ela também faz parte do comitê de seleção do Punto de Vista – Festival Internacional de Documentário de Navarra, desde 2018.

A Argentina estará representada por três nomes. Uma das presenças é de Paola Buontempo, programadora do Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata. Também da Argentina vem o crítico de cinema Roger Koza, curador do Filmfest Hamburgo (Alemanha) e da Vienalle – Festival Internacional de Cinema de Viena (Áustria) e diretor artístico do Festival Internacional de Cinema de Cosquín. Por fim, a crítica e pesquisadora Julia Kratje completa o time da Argentina. Doutora em Ciências Sociais e Mestre em Sociologia da Cultura, ela é professora de Comunicação Social na Universidade Nacional de Entre Ríos e na Universidade de Buenos Aires, onde é pesquisadora do Instituto Interdisciplinar de Estudos de Gênero da Faculdade de Filosofia e Letras. 

PROGRAMA DE FORMAÇÃO | OFICINAS  – A Mostra Tiradentes tem também o compromisso de investir na formação e, por isto, promove anualmente, o Programa de Formação com a oferta de oficinas audiovisuais para o público jovem e adulto visando à capacitação técnica para o mercado de cinema e criando oportunidades para novos atores e realizadores, além de despertar talentos, formar novos profissionais e olhares. Desde sua primeira edição, em 1998, já foram certificados 6.704 alunos em 231 oficinas ministradas.

Em 2020, são promovidas 10 oficinas e 260 vagas para públicos e interesses diversos contribuindo, desta forma, para ampliar a qualificação e desenvolvimento audiovisual em Minas Gerais e no Brasil. As vagas estão todas preenchidas.

MOSTRINHA – A criançada tem diversão garantida na Mostrinha, em sessões de longas e curtas-metragens voltadas ao público infantojuvenil e com presença da Turma do Pipoca. Também com o objetivo de inserir novos olhares para o cinema brasileiro, a Mostra Jovem reúne curtas-metragens que dialogam com questões e experiências adolescentes.

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