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Críticas

Druk: Mais uma Rodada

Vinterberg diminui a rotação da polêmica e tem um trunfo chamado Mikkelsen garantindo um filme atraente

Por Luiz Joaquim | 21.03.2021 (domingo)

Exibido e premiado em diversos festivais, incluindo o César de melhor filme de língua estrangeira, e indicado ao 78º Globo de Ouro pela mesma categoria, Druk: Mais uma rodada (Din., 2020), de Thomas Vinterberg, tem estreia marcada para os cinemas no Brasil na quinta-feira (25) exatamente um mês antes da noite de premiação do 93º Oscar, pelo qual também concorre a uma estatueta como filme internacional e outra pela direção de Thomas Vinterberg.

A estreia acontece nas poucas salas de cinema abertas pelo Brasil, mas também estará disponível pelas plataformas iTunes/Apple TV, NOW, Google Play e YouTube Filmes pelo valor de R$ 29,90. Depois, a partir de 8 de abril, incluirá o acesso pelo Vivo Play e Sky Play, para compra e aluguel.

Conhecido de longa data do espectador brasileiro, Vinterberg e sua turma dinamarquesa na produtora Zentropa (Lars Von Trier, Susanne Bier, Lukas Moodysson e outros) costuma jogar no mundo boas provocações em forma de cinema que, na maioria das vezes, não desaponta o espectador. Ora chegam com impacto violento, ora chegam suave. Mas chegam.

No caso de Druk (cujo subtítulo brasileiro parece desnecessário), a provocação parece propor desdobramentos numa esfera mais sutil, não tão explicitamente ao que o tema do enredo se concentra: um quarteto de professores que decide se embriagar antes das aulas para, relaxados, torná-las mais dinâmicas.

Mikkelsen, ótimo como Martin em “Druk”: Um professor que resolve recorrer a um aditivo liquido para melhor seu resultado profissional

Olhando assim, a seco, Druk pode soar apenas como um experimento de Vinterberg para gerar mais um contexto doidinho de burlar regras e ver no que resulta (como temos em Festa de família; Querida Wendy; A comunidade; e outros).

Mas, sendo um título da tão sisuda segunda década do século 21, quando vemos um enredo com uma ideia travestida de séria para justificar um prazer banal, temos a impressão de que muita pouca coisa restou para apresentar no cinema como ultrajante.

Não que o ato e a consequência de trabalhar embriagado seja banal. É criminoso. Ponto.

A sutileza da questão para compor Druk é outra. Ela está no fato de que, o limite do absurdo parece ter encolhido, e dizemos isso tendo em vista o histórico dos filmes vindo da Zentropa.

Tudo bem que a rotação para a polêmica em Vinterberg e Bier é mais lenta do que em Von Trier e em Moodysson, e tudo bem que os padrões culturais quanto a tolerância ao consumo de álcool na Dinamarca seja diferente do padrão cultural brasileiro, entretanto, o problema parece mais simples de resolver daquilo que o roteiro de Druk quer nos convencer.

Como mérito, o diretor tem ao seu redor sua talentosa turma, encabeçada pelo sempre impressionante Mads Mikkelsen (melhor ator em Cannes 2012 pel’A Caça, de Vinterberg). Em Druk, a performance de seu protagonismo promove aquela rica capacidade de deixar o espectador perdido sobre o que se passa no interior do personagem a cada nova revolução de sua vida. Isso sem que palavras sejam ditas.

Em seu rosto duro, o ator promove uma paisagem dramaticamente atraente e difícil de decifrar. Com um artista assim num projeto cinematográfico, meio caminho já foi bem percorrido antes do filme ser rodado.

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