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Festivais

18º CineOP (2023) – Encontro de Arquivos

Universitária pernambucana foi a única selecionada com uma bolsa para participar do Encontro de Arquivos

Por Luiz Joaquim | 28.06.2023 (quarta-feira)

A estudante Amanda Lima, na foto de Leo Fontes/Universo Produção

OURO PRETO (MG) – Quem deambulasse pelo Centro de Convenções da histórica cidade mineira de Ouro Preto nos últimos sete dias, e em particular no Centro de Convenções local – com destaque ao seu auditório 1 –, iria perceber entre as dezenas de senhoras e senhores, todos profissionais do maior gabarito no campo da preservação audiovisual, uma pequena jovem, franzina e sorridente, presente e atenta à todas as mesas de debate do Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros. O encontro é promovido há 15 anos pela Universo Produção, pela curadoria Temática preservação, dentro da programação do CineOP: Mostra de Cinema de Ouro Preto. A edição 2023 da Mostra, sua 18ª, encerrou anteontem (26).

A jovem era a pernambucana Amanda Lima, 23 anos, bacharel em Cinema e Audiovisual formada em 2021 pelo Centro Universitário Aeso Barros Melo (Uniaeso) e, hoje, estudante do 2º período de Museologia. Amanda venceu uma chamada feita pela ABPA oferecendo, para todo o Brasil, uma única bolsa no valor de R$ 1.000 mais recursos para alimentação com o objetivo de trazer um estudante a Minas Gerais para acompanhar e aprender com o Encontro.

“Soube da chamada na segunda quinzena de maio, pelo Instagram. Eles pediam que falasse sobre nossa relação com o audiovisual além de escrever uma carta de intenções com relação ao Encontro de Arquivos”, diz Amanda.

No dia 2 de junho, a universitária, emocionada, recebeu a notícia de que tinha sido a escolhida. “Caiu uma lágrima, contei para minha mãe, que estava vendo tevê naquele momento, mas acho que ela nem entendeu a dimensão daquilo tudo”, recorda sorrindo.

Conforme a presidenta da ABPA, Débora Butruce, a escolha não foi fácil, tendo de escolher apenas um nome entre os 33 bons candidatos que se inscreveram.

Amanda conta que vir à 18º CineOP já estava nos seus planos mesmo antes da confirmação do prêmio. Tanto que havia reservado o bilhete aéreo há 3 meses. “Juntei todas as milhas que pude para conseguir as passagens”.

Ela já conhecia a dinâmica e o valor da Mostra de Ouro Preto desde o período da pandemia, quando passou a acompanhar a versão online do evento. “Mas ter essa experiência aqui, presencial, é muito diferente. Tive a oportunidade de conhecer profissionais incríveis numa experiência imersiva, e perceber as nuances da área, proporcionando um aprendizado que conecta muitas interfaces da preservação”.

Na foto de Luiz Joaquim, Maria Byington, Laura Bezerra, Amanda Lima e Debora Butruce.

De fato, Amanda não apenas conheceu muita gente grande do segmento, como João Luiz Vieira, Fernanda Coelho, Débora Butruce, Laura Bezerra, José Maria Pereira, Lila Foster, Rafael Luna e ainda Dona Alice Gonzaga, entre tantos, como foi muito bem acolhida por todos. “No primeiro dia, quando fui apresentada à ABPA, fui aplaudida pelo grupo. Foi muito emocionante”.

Como contrapartida, a selecionada deveria cumprir a agenda de acompanhar todas as mesas do Encontro de Arquivos e, ao final desta edição, entregar à Associação um relatório sobre a experiência ali e o que dela apreendeu.

Calhou da universitária testemunhar uma edição histórica da Mostra considerando que, pela primeira vez, durante toda a trajetória da CineOP e da ABPA, nunca houve um diálogo tão aberto (e presencial!) do segmento com a Secretaria do Audiovisual (SAV). Diálogo que culminou, anteontem (26), com a entrega, em mãos, a Daniela Fernandes – Diretora de Preservação e Difusão da SAV – do Plano Nacional de Preservação Audiovisual. Extenso documento construído, ao longo de anos, pelos profissionais do setor.

Na foto de Leo Fontes/Universo Produção, Daniela Fernandes seguras as Cartas de Ouro Preto 2023

PERSEVERANÇA – Morando hoje em Serra Talhada (munícipio a 375 quilómetros do Recife), Amanda Lima não veio parar no CineOP por sorte, mas sim pela construção de uma carreira que ela persegue com dedicada perseverança.

O tanto que buscou e conquistou ainda como estudante de Cinema e Audiovisual é um reflexo dessa perseverança. Como, por exemplo, a experiência adquirida no projeto Maratona do cinema pernambucano, da produtora Tangram Cultural. Depois, passando pela produtora Luni, quando em 2021 integrou temporariamente a equipe da empresa para a realização de sete curtas-metragens do programa Recife incluído, da Prefeitura da Cidade do Recife.

No ano seguinte, experimentou, por nove meses, em formato online o programa Cinema nosso, quando acompanhou um laboratório de roteiro para uma série e, no mesmo ano, viajou a São Paulo para participar de outra seleção: a do Cabíria Lab, com foco na construção de um roteiro de longa-metragem infanto-juvenil. Essa oportunidade foi compartilhada com sua irmã, Mylena Lima, que também é roteirista.

Fechou o ano passado com uma “experiência transformadora”, conforme conta, no projeto Cinema no interior, em Pernambuco, onde, longe da região metropolitana do Estado, não só participou como aluna de uma oficina de Stop Motion, como também ocupou o outro lado do processo, ministrando um curso de roteiro.

Feliz com a passagem por Ouro Preto e com a rede de profissionais com os quais amarrou laços, Amanda continua em busca de uma oportunidade profissional que lhe encante como lhe encantou o 18º CineOP. E se depender dela, será só um questão de tempo.

* viagem a convite da CineOP

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