
28º Expectativa/Retospectiva (2025)
A tradicional e desejada mostra de fim de ano da Fundaj apresenta 41 longas-metragens, sendo 16 inéditos.
Por Luiz Joaquim | 07.12.2025 (domingo)
Fim de ano no Cinema da Fundação. É chegada a hora da anual maratona cinematográfica para dar uma espiada em bons títulos que só chegam às salas de cinema no ano seguinte, além de (re)ver aquelas produções que marcaram o ano que encerra.
A mostra inicia nesta quinta-feira, 11/12, e segue até 18/11 apresentando 60 produções, portanto, em 8 dias. São 41 longas-metragens (sendo 16 inéditos no Recife, 4 pré-estreias e 21 reprises). Haverá 8 curtas-metragens do realizador Fernando Peres e 11 videoclipes no programa ‘Música para Ver’)

O monumental “O Riso e A Faca”, de Pedro Pinho, (que competiu em Cannes) ganha sessão única
Entre os inéditos da programação estão diversas obras premiadas ou integrantes de grandes festivais internacionais. A maioria exibe em sessão única como O Riso e a Faca, de Pedro Pinho, vencedor, em, Cannes, do prêmio de melhor atriz (para Cleo Diára) na seção ‘Um Certo Olhar’. A ficção Woman and Child, do iraniano Saeed Roustaeed, também exibiu em Cannes contando um impactante drama familiar sobre justiça.

“Woman and Child”: o outro iraniano que chamou muita atenção em Cannes 2025
Tendo concorrido a Palma de Ouro, em Dois Procuradores, o diretor russo Sergei Loznitsa nos leva à URSS de 1937, quando o seu protagonista descobre uma carta não destruída de um prisioneiro que sofreu barbaramente pela corrupta polícia secreta do regime.
O documentário O Desaparecimento de Joseph Mengele, do russo Kirill Serebrennikov, também chamou a atenção em Cannes ao refazer os passos na América Latina do temido médico nazista de Auschwitz, apelidado de O Anjo da Morte.
O forte documentário palestino Guarde o Coração na Palma da Mãe e Caminhe (também exibido em Cannes), de Sepideh Farsi, pelo qual a diretora, com os arquivos de Fatem, seu contato em Gaza, documenta a guerra até a sua morte em um ataque israelense no 16 de abril de 2025.
Outro documentário valioso é Lumière: A Aventura Continua. Dirigido por Thierry Fremoux (diretor artístico do Festival de Cannes), a produção é uma continuação de seu outro trabalho, realizado em 2016, apresentando um novo conjunto de obras raras e restauradas pelos irmãos criadores do cinema.

“Águias da Revolução”: O indicado da Suíça a concorrer a uma vaga no Oscar 2026
Tendo também integrado a seleção de Cannes e do Festival de Toronto, a produção sueca Águias da Revolução, de Tarik Saleh, é o representante daquele país a concorrer a uma vaga no Oscar Internacional 2026. O ficção conta a relação de um ator egípicio com a complexa situação política em seu país.
Tendo concorrido ao Urso de Ouro, com Rose Byrne vencendo o Urso de Prata de Melhor Atriz no no Festival de Berlim, a produção norte-americana Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria, de Mary Bronstein, acompanha a sua protagonista à beira de um colapso ao lidar com a doença misteriosa da filha, a ausência do marido e o desmoronamento de seu próprio teto, o que a força a viver com a filha num motel.

Confira a aclamada atuação de Rose Byrne para “Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria”, eleita melhor atriz no Festival de Berlim
Vindo também dos Estados Unidos, a divertida e tocante produção independente Sorry, Baby, de Eva Victor, é um dos destaques desta seleção, tendo vencido o prêmio de melhor roteiro da seção U.S Dramatic do Festival Sundance.
Da América Latina, chega o chileno O Castigo, de Matiás Bize. O cineasta nos coloca lado a lado da angústia do casal que perde de vista seu filho de 7 anos numa floresta misteriosa e assustadora. Feito num único plano-sequência, o filme revela o talento do diretor, que levou o prêmio da crítica no Cine Ceará de 2023. Para os pernambucanos, uma curiosidade, O Castigo pode ser visto como se fosse a perspectiva dos pais por aquilo que acontece em Eles Voltam (2012), de Marcelo Lordello.
Exibindo, também pela primeira vez no Recife, estão três brasileiros: o documentário Abre Alas, de Úrsula Rosele, que escuta a vivência de sete mulheres falando de peito aberto sobre tudo que calaram durante a vida; a ficção Criadas, de Carol Rodrigues, sobre o resgate de uma memória que envolve identidade e altivez numa relação familiar; o infanto-juvenil mineiro O Último Episódio, de Maurílio Martins, sobre as presepadas de Erik, um garoto de 13 anos, que alimenta uma paixão platônica por Sheilla e, para se aproximar dela, diz ter em casa uma fita com o lendário último episódio do desenho Caverna do dragão.

Do Brasil, vamos conhecer “Criadas”, de Carol Rodrigues, sobre ancestralidade
Outros títulos nunca lançados no Recife são o documentário Misty: A História de Erroll Garners, de Georges Gachot, que examina a vida do homem que mudou o jazz para sempre. O pianista autodidata norte-americano era considerado um gênio por seus colegas, tendo conciliado a carreira de sucesso com uma vida privada complexa; O Último Moicano, de Frédéric Farrucci, sobre uma intensa pressão da máfia da Córsega sobre um pastor de cabras na ilha do Mediterrâneo.
Chegam também pela primeira vez no Recife, Querido Trópico, de Ana Endara Mislov, que traz no elenco a chilena Paulina Garcia (melhor atriz em Berlim 2013 por Glória) como uma imigrante grávida no Panamá envolvendo-se com uma idosa que sofre de demência.
O frequentador do Cinema da Fundação ainda ganha nova chance de ver outros quatro títulos celebrados já exibidos recentemente na cidade. Passam agora em caráter de pré-estréia: Sirât, de Oliver Laxe, vencedor do prêmio do júri em Cannes; Jovens Mães, vencedor do prêmio de melhor roteiro também em Cannes; e os brasileiros Ato Noturno, de Márcio Reolon, e Ave Sangria: A Banda que Não Acabou, de Mônica Lapa e João Cintra, documentando a icônica banda pernambucana.

Cena do inédito “Querido Trópico”, com Paulina Garcia (de ‘Glória’)
PERNAMBUCANOS – A 28º Expectativa/Retrospectiva, como habitualmente faz, está dando espaço a alguns títulos da produção local que, neste 2025, brilharam intensamente no Brasil e no mundo. Além da continuidade de sessões do aclamado O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, vamos rever O Último Azul, de Gabriel Mascaro; Seu Cavalcanti, de Leo Lacca; Paterno, de Marcelo Lordello; Ainda não È Amanhã, de Milena Times; e Criaturas da Mente, de Marcelo Gomes.
Para o Programa CHAMA CURTAS, o colaborador Felipe Karnakis produziu uma sessão com obras do multiartista recifense Fernando Peres. Com o título “Faça Pior: Fernando Peres no Cinema da Fundação”, o programa reúne uma seleção de curtas e materiais brutos de Peres, figura central da cena alternativa da cidade. Integrante do coletivo Molusco Lama e criador do Lesbian Bar.
Peres sempre transitou entre linguagens, do desenho ao vídeo, das performances à noite recifense, construindo uma obra instigante e nunca plenamente incorporada aos circuitos tradicionais. Incentivado pelo pai fotógrafo, ele carrega desde a infância uma relação orgânica com as câmeras; relação essa que se expande no vasto acervo resgatado pelo projeto Tempo Bruto.
Mais de 350 fitas (VHS, Super-VHS, Hi-8 e Mini-DV), digitalizadas, revelam registros de eventos culturais, performances, festas, espaços e figuras que moldaram uma geração. A sessão propõe não apenas revisitar esse arquivo vivo, mas reconhecer a potência de um olhar que atravessa décadas com a mesma urgência criativa.
REPRISES – Não menos tentadora é a seleção de reprises agendadas como última chance para a plateia do Cinema da Fundação ver um bom filme numa tela e som de cinema. Confira alguns títulos: Oeste Outra Vez; Luiz Gonzaga: Légua Tirana; Pequenos Coisas Como Estas; Frankenstein; Três Amigas; Presença; A Vida de Chuck; Coração de Lutador: The Smashing Machine; Memórias de um Caracol; Filhos; A Meia-Irmã Feia; a trilogia Love; Dreams e Sex, entre outros.

REPRISES : Aquele filme que foi arremasado nas salas de cinema e você não viu… mas deveria (Imagem de “Coração de Lutador: The Smashing Machine”)
MÚSICA PARA VER – Dando continuidade ao sucesso da primeira edição do ‘Música para Ver’ – um programa com uma seleção de videoclipes emblemáticos deste gênero audiovisual -, a 28º Expectativa/Retrospectiva apresenta sua segunda edição com uma sessão estrategicamente acontecendo antes do musicalmente pulsante longa-metragem Sirät.
Com entrada franca, a 2ª edição do Música para Ver, além de esquentar a plateia para a sessão do premiado longa de Oliver Laxe, a sessão abre os olhos da plateia para clipes ilustram músicas de The Police, Frank Goes to Hollywood, Massive Attack, David Bowie, The Subs e Gorillaz entre outros.
Os números da 28ª Expectativa/Retrospectiva do Cinema da Fundação
| 60 produções
49 filmes 41 longas-metragens (16 inéditos / 4 pré-estreias / 21 reprises) |
8 dias
11 videoclipe 8 curtas-metragens |


Lista dos filmes
| Inéditos | Reprises |
| Se eu tivesse pernas eu te chutaria –
Dois Procuradores – Woman and Child – O Castigo – (1h26) – Sorry, Baby (1h43) – O Desaparecimento de Josef Mengele – Lumière, A Aventura Continua! – Águias da República (2h09) – Criadas (1h47) – O Riso e a Faca (3h31) – Abre Alas – |
Oeste Outra Vez –
Luiz Gonzaga: Légua Tirana – Pequenos Coisas Como Estas – Frankenstein – Três Amigas – Presença – A Vida de Chuck – Coração de Lutador: The Smashing Machine – Paterno – Seu Cavalcanti – Memórias de um Caracol – Filhos – A Meia-Irmã Feia – Love – Dreams – Sex – Foi Apenas um Acidente O Último azul – O Agente Secreto – Criaturas da Mente – Ainda não é amanhã – ESPECIAIS Música para ver (11 videoclipes) Curtas Fernando Peres (8 filmes ) |
| Pré-estreias | |
| Sirât –
Jovens mães – Ato Noturno (1h59) – Ave Sangria Não lançados no Recife MISTY: A história de erroll garner (1h40) – O ÚLTIMO MOICANO – (1h27) Querido Trópico (1h48) – Guarde o coração na palma da mão e caminhe O último episódio |















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