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Johnny Vai à Guerra

O mais explícito dos filmes pacifista

Por Luiz Joaquim | 09.07.2008 (quarta-feira)

Há um marco indelével na história do cinema norte-americano no campo de filmes anti-guerra. Chama-se “ohnny Vai à Guerra” (Johnny Got His Gun, EUA, 1971) que a distribuidora pernambucana Aurora DVD lança pela primeira vez em home-vídeo digital no País.

Único filme dirigido pelo escritor Dalton Trumbo, recebeu três prêmios no Festival de Cannes, e impressionou o mundo (e ainda impressiona) não só pelo recado pacifista mas também pela postura pró-vida e pela maneira como trabalha um material essencialmente literário e difícil para o cinema.

Trumbo conta a história de um soldado que perdeu os braços, as pernas, seu rosto, a audição, a visão e a capacidade de falar. A única maneira que o mutilado Joe (Timothy Bottoms) interage com o mundo é através do tato. Significa que sua mente consciente só tem noção do que acontece ao seu redor a partir da sensação de frio, calor ou quando alguém lhe toca a pele.

Para entender o que se passa na mente de Joe, escutamos a voz, em off, do ator Bottoms descrever seus medos e sonhos, o que só aumenta a sensação de claustrofobia uma vez que Joe não possui nenhuma capacidade para expressar seus sentimos ao ‘mundo exterior’.

Ele é, literalmente, um prisioneiro de sua mente e, depois de meses nesse estado vegetativo (o exército o mantém vivo apenas por curiosidade), começa a confundir sonhos com fantasia e lembranças do passado, de sua vida pré-exército.

“Johnny Vai à Guerra” bate forte também na Igreja, na figura do padre impotente que não consegue enxergar uma resposta divina para manter Joe vivo, ou mesmo quando Joe encontra, em sua mente, um Jesus Cristo (Donald Sutherland) que tem dificuldade para oferece alento a sua tristeza.

O filme vê, entretanto, esperança no amor, através de uma enfermeira (Diane Varsi) que chora pelo seu paciente e cuida dele com devoção. É esse amor que revoluciona a limitada vida de Joe e lhe dá uma característica essencial a qualquer humano: ter um objetivo a alcançar. Pensar em filmes de guerra sem pensar em “Johnny…” é pensar falho.

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OUTROS LANÇAMENTOS DA AURODA DVD

MALDIÇÃO
(House by the River, EUA, 1950). De Fritz Lang. Com Louis Hayward, Lee Bowman. É um dos filmes mais perversos e estilizados feitos pelo alemão Fritz Lang nos Estados Unidos. Trata-se, na verdade, de um drama gótico (passa-se inteiramente dentro de uma velha mansão à beira de um rio) bem ao gosto do mestre do expressionismo, com altas doses de perversidade, tristeza e agonia.

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O PEQUENO RINCÃO DE DEUS
(God’s Little Acre, EUA, 1958). De Anthony Mann. Com Robert Ryan, Aldo Ray. O filme foi rechaçado na época de seu lançamento, pois a protagonista é uma adúltera. A história desenrola-se no seio de uma família de agricultores brancos pobres, no sul do Estados Unidos, na qual o patriarca convence os filhos de que o ouro do avó está enterrado em algum lugar do terreno e passa a escavar buracos diariamente em busca do tesouro.

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DILLINGER: INIMIGO PÚBLICO N° 1
(Dillinger, EUA, 1973). De John Milius. Com Warren Oates, Ben Johnson, Harry Dean Stanton. Cinebiografia do gângster John Dillinger é um dos maiores mitos da história americana. Produzido pelo American International Pictures, de Roger Corman, o filme é descendente direto da conjunção Sam Peckinpah e Arthur Penn, os cineastas que repensaram a sociedade americana tendo como tema a violência.

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A GUARDÊNIA AZUL
(The Blue Gardênia, EUA, 1953). De Fritz Lang. Com Anne Baxter e Nat King Cole. Depois de saber que o namorado, um soldado em serviço na Coréia, está com outra, uma telefonista decide jantar com o mulherengo numa espécie de “encontro às escuras”. Bêbada, ela acompanha o homem até o apartamento dele, mas quando é agarrada à força, Norah se defende. No outro dia, o homem é encontrado morto.

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PERSEGUIÇÃO MORTAL
(Death Hunt, EUA, 1981). De Peter Hunt. Com Charles Bronson, Lee Marvin, Angie Dickinson. Bronson é um solitário que gosta muito de animais e, ao evitar a morte de um cachorro, desagrada um bando de homens que, para se livrarem dele, inventam a historia de um roubo. Lee Marvin é o chefe de policia que vai investigar o caso.

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ARENAS SANGRENTAS
(The Brave One, EUA, 1956). De Irving Rapper. Com Michael Ray, Rodolfo Hoyos. Menino adota um touro depois de salva-lo de uma tempestade. Mas os verdadeiros donos do animal aparecem e o levam para uma arena. À pedido do garoto, o presidente do México assina um “perdão” para o animal, mas não a tempo de salva-lo da arena. Baseado numa história real, venceu o Oscar de melhor roteiro, que é de Dalton Trumbo (com pseudônimo de Robert Rich).

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