X

0 Comentários

Reportagens

São Luiz: ano 60

Palácio da rua da Aurora (Recife) dá partida às comemorações

Por Luiz Joaquim | 06.09.2012 (quinta-feira)

Charles Chaplin, Michael Curtiz, Alberto Cavalcanti, John Huston, Bernardo Bertolucci, David Lynch e outros. Não poderia haver melhor time de convidados para celebrar os 60 anos do maior e mais importante símbolo cinematográfico de Pernambuco: o cinema São Luiz. Em cerimônia na manhã de ontem, no próprio auditório da casa, foi anunciada a programação especial que se estende por todo o mês de setembro e marcar este momento de festa.

Para abrir as comemorações às 19h de hoje – data exata que remete a inauguração do espaço em 6 de setembro de 1952, com o filme “O Falcão dos Mares”, de Raoul Walsh -, o programador Geraldo Pinho selecionou uma sessão do filme “O Canto do Mar”, rodado no Recife pelo mestre Alberto Cavalcanti no mesmo ano em que o São Luiz foi inaugurado, mas tendo sido exibido ali só em outubro de 1953. “A ideia foi tentar traçar uma linha do tempo com filmes importantes para a história do cinema. É claro que tivemos de contar com a disponibilidade dos títulos que queríamos para a mostra, e nesse sentido a parceria com a Cinemateca do Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, foi fundamental”, adiantou o programador.

Antes das luzes do auditório apagarem e o foco se concentrar na história do pescador filho de uma lavadeira e de um pai desequilibrado que pensa em deixar o Recife para o sul do Brasil, a abertura das comemorações contará com uma apresentação da Banda Sinfônica do Recife, tocando melódias clássicas do cinema. Haverá também o depoimentos de Rildo Saraiva (ator de “O Cantor do Mar”), do escritor Fernando Monteiro, que conheceu pessoalmente Cavalcanti, e de José de Souza Alencar, o Alex, colunista desta Folha de Pernambuco, que prestou assistência na direção do “O Canto do Mar”.

Investimentos
Ainda na entrevista coletiva de ontem, o presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Penambuco (Fundarpe), Severino Pessoa, destacou os investimentos do Governo do Estado dedicados à sala da rua da Aurora. “A quantia hoje soma R$ 4,6 milhões, se contamos com as despesas em obra civil feitas em 2009, com os R$ 780 mil de reestruturação física, que envolveu a climatização feita hoje, e com o pagamento de R$ 2,584 milhões pela compra do cinema em 2010, feitas em parcelas com cerca de 50% delas já cumpridas”, destacou.

Já o Secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar, salientou que estamos sendo testemunhas da “primavera de Pernambuco no cinema” e que o processo de aquisição do São Luiz comunga com a linha de apoio do Governo a esta expressão artística. Expressão fortemente representado no Edital do Audiovisual. “Depois do Rio de Janeiro, temos a mais importante estrutura de investimento na produção cinematográfica, com o valor de R$ 11,5 milhão por ano através do edital”, marcou. Alencar também anunciou a presença do governador Eduardo Campos na cerimônia de hoje à noite.

Em apuração exclusiva, a reportagem do CinemaEscrito escutou que o governador pode aproveitar a oportunidade festiva de hoje para anunciar uma proposta de transformar o edital do audiovisual do Estado em lei, e assim garantir os recursos à categoria cinematográfica pernambucana independente de quem venha, no futuro, a ocupar a cadeira de maior autoridade no Palácio do Campo das Princesas.

Filmes (bons) para todos os gostos
E os cinéfilos recifenses têm um endereço certo para estar até 30 de setembro. Vai ser ali na rua da Aurora, número 175, no bairro da Boa Vista onde – além da mostra “Play the Movie” (do dia 11 a 15) e o “Festival Animage” (de 26 a 30) – uma lista de nove clássicos (mais o infantil “A Era do Gelo 4”) irão ocupar o São Luiz. O programador Geraldo Pinho explicou que não pensou nos filmes de maior bilheteria do auditório, “mas sim em filmes marcantes que a época em que foram lançados aqui na cidade não tinham necessariamente o estigma de filme de arte. Entravam no programação normal das salas”, diz.

“Foi uma felicidade só quando, na época, soubemos que a censura, por exemplo, liberou a exibição de O Último Tango em Paris [filme de 1972] depois de ficarmos semanas vendo o material publicitário do filme exposto no hall do São Luiz”, relembra, a respeito do filme de Bertolucci, que programou para o dia 26.

Depois de “O Canto do Mar” hoje, amanhã já será possivel ver “Casablanca” (1942), obra prima de Michael Curtiz que eternizou a música “As times goes by” ilustrando o amor impossível entre Rick (Humphrey Bogart) e Ilsa (Ingrid Bergman). No domingo, Bogart volta na pele do caçador de tesouros Dobbs, em “O Tesouro de Sierra Madre” (1948), sob a direção de John Huston.

O clima de procura por riquezas continua na segunda semana, a partir do dia 14, mas desta vez pela graça, com o maior craque do humor no cinema, Charles Chaplin, em “Em Busca do Ouro” (1925). A brincadeira ganha contornos trágicos pela ótica de David Lynch, um dos mais inventivos cineastas contemporâneo, com o seu cult “Coração Selvagem” (1990), estrelado por Nicolas Cage, sendo este o filme mais recente da mostra. A visão de Derek Jarman para o raro “Caravaggio” (1986) também está na lista (dia 18).

Na terceira semana (dia 21) entra em cena o musical “A Viúva Alegre”, gênero pouco visto pela nova geração num numa sala de cinema. Mais acessível é a obra do mestre espanhol Luis Buñuel e sua proposta surrealista, que aqui aparece com “O Discreto Charme da Burguesia” (1972), nos oferecendo uma complexa reflexão a partir do encontro de seis burgueses que se reúnem para um jantar, mas que, por conta de estranhos acontecimentos, simplesmente não conseguem. Todos os filmes exibem em película, 35mm. Imperdível.

programação

Quinta-feira, 06 de setembro
19h – Concerto da Banda Sinfônica da Cidade do Recife
19h30 – Cerimonial com Fernando Monteiro, Alex Alencar e Rildo Saraiva
19h45 – Exibição do filme “O Canto do Mar”

Sexta-feira, 07 de setembro
15h – O Canto do Mar
17h e 19h – Casablanca

Sábado, 08 de setembro
15h e 17h – Casablanca
19h – O Canto do Mar

Domingo, 09 de setembro
10h e 15h – A Era do Gelo 4
17h – O Canto do Mar
19h – O Tesouro de Sierra Madre

Segunda-feira, 10 de setembro
19h – Festival Play The Movie

Terça-feira, 11 de setembro
16h – O Tesouro de Sierra Madre
19h – Festival Play The Movie

Quarta-feira, 12 de setembro
16h – O Tesouro de Sierra Madre
19h – Festival Play The Movie

Quinta-feira, 13 de setembro
16h – O Tesouro de Sierra Madre
19h – Festival Play The Movie

Sexta-feira, 14 de setembro
15h e 17h – Em Busca do Ouro
19h – Festival Play The Movie

Sábado, 15 de setembro
15h e 17h – Em Busca do Ouro
19h – Festival Play The Movie

Domingo, 16 de setembro
10h e 15h – A Era do Gelo 4
17h – Em Busca do Ouro
19h – Coração Selvagem

Segunda-feira, 17 de setembro
19h – Programação Centenário Nelson Rodrigues – Palestra com Maria Lúcia Rodrigues

Terça-feira, 18 de setembro
15h – Coração Selvagem
17h20 – Caravaggio
19h30 – Cineclube Nelson Rodrigues

Quarta-feira, 19 de setembro
15h – Coração Selvagem
17h20 – Caravaggio
19h30 – Cineclube Nelson Rodrigues

Quinta-feira, 20 de setembro
15h – Coração Selvagem
17h20 – Caravaggio
19h30 – Cineclube Nelson Rodrigues

Sexta-feira, 21 de setembro
15h – A Viúva Alegre
17h20 – O Discreto Charme da Burguesia
19h30 – Cineclube Nelson Rodrigues

Sábado, 22 de setembro
15h e 17h – A Viúva Alegre
19h – O Discreto Charme da Burguesia

Domingo, 23 de setembro
10h e 15h – A Era do Gelo 4
17h – A Viúva Alegre
19h – O Discreto Charme da Burguesia

Segunda-feira, 24 de setembro
19h – Sessão Especial Cinecabeça Cineclubista

Terça-feira, 25 de setembro
15h e 17h – O Discreto Charme da Burguesia
19h – Caravaggio

Quarta-feira, 26 de setembro
16h30 – O Último Tango em Paris
19h30 – Festival Animage

Quinta-feira, 27 de setembro
16h30 – O Último Tango em Paris
19h30 – Festival Animage

Sexta-feira, 28 de setembro
16h30 – O Último Tango em Paris
19h30 – Festival Animage

Sábado, 29 de setembro
16h30 – O Último Tango em Paris
19h30 – Festival Animage

Domingo, 30 de setembro
10h e 15h – A Era do Gelo 4
17h – O Último Tango em Paris
19h30 – Festival Animage

Mais Recentes

Publicidade