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Críticas

Tainá 2: A Aventura Continua

Tainá 2 consegue manter o frescos do primeiro filme

Por Luiz Joaquim | 03.08.2018 (sexta-feira)

– publicado em 5 de janeiro de 2005 no jornal Folha de Pernambuco

Tainá 2 – A aventura continua entra em cartaz hoje para embalar o primeiro fim de semana das crianças em 2005. Embalar pela atmosfera bucólica da flora e fauna da floresta amazônica, e também pelo contenção e equilíbrio acertado dos atores na produção. É bastante interessante que este filme de Mauro Lima entre em cartaz duas semanas após a estréia de Xuxa e o tesouro da cidade perdida. Soa como um recado dizendo que não basta meia dúzia de rostos da TV figurando no meio do mato para formar um filme infantil. Em Tainá 2, atores e cenários naturais confluem para dar um único recado: valorizar a vida.

A mensagem pode parecer cansada, mas não soa assim se construída com carinho e discrição. Isso é o que acontece no filme de Lima, que empresta a indiazinha Tainá (Eunice Baia) a mesma franqueza e impressão pueril que Tânia Lamarca e Sérgio Bloch colocaram na personagem em Tainá – Uma aventura na amazônia (2001). É provável que a pureza nesse personagem tenha sido a principal mola que impulsionou o sucesso do primeiro filme onde quer que fosse exibido. No Brasil, a produção levou 800 mil espectadores ao cinema. No exterior, a indiazinha chamou atenção em 52 festivais estrangeiros (tendo recebido o maior prêmio em Chicago), e tendo virada uma febre, particularmente, entre as criança novaiorquinas.

A franqueza que resplandece no filme, em Tainá e nos personagem que a circundam, configura-se, nas duas obras, na aproximação que a câmera faz ao colocar o espectador lado a lado dos atores. O uso de muitos closes, em detrimento do plano aberto (uma opção por vezes impostas por problemas na produção) acaba por causar aqui uma intimidade necessária entre a criança-espectador (um urbano) e a criança-agente da aventura (uma índia).

E se Mauro Lima opta por uma economia nos diálogos de seus atores mirins, não é por limitações de seu
elenco. A menina Eunice Baia foi escolhida entre 3.000 candidatas para protagoniza o primeiro filme. Naquela época, mal sabia ler e escrever e fez na tela o que muito ator letrado não consegue. De lá para cá, a menina virou uma pré-adolescente, fez um curso de teatro, participou de O sítio do pica-pau amareloda peça Madame Butterfly, em São Paulo.

A evolução profissional de Eunice não obscureceu sua inocência interpretativa, que ganham uma interlocutora de peso nesta seqüência. É a pequenina Arilene Rodrigues, que faz Catiti, uma indiazinha que ainda não tem um xerimbabo (animal de estimação) e passa o filme disputando Bóris, um cachorrinho, com um menino branco (Vitor Morosine). O moleque se perdeu quando ia visitar o pai (Kadu Moliterno) na floresta. Paralelo a isso, a aventura é disparada pelas confusões que Aramis Trindade faz com sua cara de mal (e engraçada) ao empunhar uma motosserra em busca de filhotes de animais silvestres para trocar por muito dinheiro. Mensagens politicamente corretas a parte (que aqui não pesam negativamente), Taina 2 resgata para si o lugar digno do bom cinema brasileiro para as crianças, assim como fizeram os lendários Trapalhões por duas décadas.

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