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Críticas

Eu, Tu, Eles.

Eu, tu e a distribuição norte-americana

Por Luiz Joaquim | 01.10.2018 (segunda-feira)

– publicado originalmente no jornal Folha de Pernambuco em 18 de Agosto de 2000.

É chegada a hora de conferir o aval internacional de Eu, tu, eles com sua história de ‘corno’ protagonizada por Regina Casé. A luz do filme de Andrucha Waddington acordou os cansados jornalistas que cobriam a mostra Um Cert Regard (Um Certo Olhar) na edição daquele ano no Festivalde Cannes. Regard é uma seleção paralela à mostra competitiva, na qual são projetados os longas chamados ‘alternativos’ de diretores do mundo todo.

A gente aqui no Brasil sabe que Waddington já batizara outro filme com seu carimbo (Gêmeas, lembram?). Mas o sofrível filme com Fernanda Torres interpretando duas irmãs, foi assumidamente anunciado pelo cineasta/publicitário, como um exercício cinematográfico. Da herança desse dever de casa (e do sem-número de propagandas que fez para a Conspiração, agência para qual trabalha), Waddington aproveitou a supremacia técnica.

Afora o primor da fotografia, Gêmeas foi um engodo. Uma espécie de piada contada por Nelson Rodrigues, durante seus 80 minutos. Disso tudo ficou a beleza plástica, com uma certa dose de exagero no condimento pop, é verdade.

Ao contrário de Gêmeas, o argumento de Eu, tu, eles era algo a mais que um simples mote para fazer um filme. Na realidade a idéia surgiu de uma matéria que o cineasta e a roteirista Elena Soárez viram no programa Fantástico. A reportagem falava da vida de uma mulher que vivia com três maridos sob o mesmo teto. Daí, os dois criaram a história fictícia que se vê no filme, ou seja, o desenvolvimento insólito do quarteto amoroso comandado por Darlene Linhares (Regina Casé), envolvendo Osias (Lima Duarte), Zezinho (Stênio Garcia) e Ciro (Luiz Carlos Vasconcelos).

Andrucha sacou que o assunto dava panos p’ras mangas para exaltar o poder das mulheres no planeta em que vivemos. Nada melhor que aquela situação – sertaneja isolada do mundo, longe de qualquer interferência de valor moral – para apresentar um novo modelo de família, longe da cretinice imposta pela pseudo-fidelidade, geralmente maquiada com pó de hipocrisia.

Um passo largo dado pela equipe da Conspiração foi a associação com a Columbia Pictures. A mega-distribuidora norte-americana teve/tem fundamental crédito pela participação do longa em Cannes, na profissional distribuição do filme pelo Brasil, e na milionária e competente divulgação via TV, outdoors, revistas especializadas, CD-Rom, Internet, distribuindo brindes e promovendo pré-estréias para a ansiosa imprensa local, ávida para conferir o que causou tanto hype em Cannes, e por aí vai.

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