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Pantera Negra

A história que deve ser contada.

Por Delles Sassi | 18.02.2019 (segunda-feira)

No momento em que Zuri, personagem de Forest Whitaker em Pantera negra (“Black Panther”, EUA, 2018), dirigido competentemente por Ryan Coogler, revela a T’Challa, interpretado por Chadwick Boseman, que seu pai quando rei matou o próprio irmão para salvar sua vida, deixando o sobrinho largado à própria sorte em Oakland dos anos 1990, a seguinte frase é dita em resposta a consternação do protagonista: “era necessário não ter história”.

A fala refere-se a verdade sobre o passado do vilão vivido por Michael B. Jordan, o Erik, primo de T’Challa que chega em Wakanda disposto a tomar o trono. No entanto, as palavras de Zuri carregam um peso ainda maior e controverso, já que esta produção definitivamente mostra a necessidade de não ocultar a “história”.

E em tempos em que reativar memórias significa a conscientização sobre temas primordiais na constante construção de uma sociedade justa e igualitária, o cinema deve utilizar seu espaço para dar vazão a tal reativação. E Pantera Negra usa muito bem as ferramentas da sétima arte para contar e reativar a história de uma raça.

Mas não se trata apenas de representatividade em tela, Pantera Negra vem com uma poderosa equipe em sua produção que merecidamente compete em sete categorias do Oscar – incluindo uma que marca a história da Marvel como primeiro estúdio a ter uma obra de super-heróis disputando a estatueta de Melhor Filme.

Uma destas categorias, a de Melhor Trilha Sonora, o filme já conquistou em outra importante premiação, o Grammy Awards 2019. A trilha composta por Ludwig Göransson foi gravada em dois países, Senegal e África do Sul, onde o compositor colaborou com músicos locais. O longa também carrega em sua bagagem um álbum assinado por Kendrick Lamar, um dos nomes mais influentes no cenário do rap americano atualmente, e que concorre ao Oscar de Melhor Canção Original pela faixa All the stars.

No Brasil, além do sucesso nas bilheterias, o filme rendeu inspiração para o rapper Emicida, que pouco antes da estreia nacional da produção lançou em parceria com Felipe Vassão a música Pantera negra, com versos ligados não só ao personagem dos quadrinhos Marvel, mas também ao passado brasileiro, ao Partido dos Panteras Negras, o Movimento Black Power e sua própria trajetória como artista negro.

Pantera negra corresponde ao anseio por ver essa história sendo contada com o intuito de não mais ser uma peça alegórica nas tramas. Assim, como quando confronta seu pai no plano espiritual, T’Challa afirma que : “É preciso corrigir esses erros”, o filme nos deixa esperançosos em ver nas futuras produções o mesmo ou, porque não, melhor desempenho.

Emicida – Pantera Negra (Clipe Oficial)

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