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Críticas

Rainhas do Crime

Roteirista Berloff estreia na direção em obra de trama irregular estrelada por Melissa McCarthy

Por Delles Sassi | 08.08.2019 (quinta-feira)

The Kitchen (2019), intitulado nos cinemas brasileiros como Rainhas do Crime é o filme de estreia da cineasta Andrea Berloff como diretora. Baseado na revista em quadrinhos de mesmo nome da Vertigo (selo da editora DC Comics), Rainhas do Crime conta a história das esposas de três gangsters do bairro Hell’s Kitchen, em Nova York dos anos 70, que após a prisão de seus maridos decidem assumir o comando dos crimes.

O drama policial conta com o protagonismo do trio formado por, Melissa McCarthy (indicada Oscar 2019 de Melhor Atriz por Poderia Me Perdoar?, 2018) como Kathy, Tiffany Haddish (das comédias Operação Supletivo – Agora Vai!, de 2018 e Girls Trip, de 2017) interpretando Ruby, e Elisabeth Moss (premiado com Emmy de Melhor Atriz dramática em 2017 por seu papel em O Conto de Aia) vivendo a personagem Claire. Além das participações de Common, que interpreta o policial Gary Silvers, Margo Martindale como a carrasca sogra de Ruby, Domhanall Gleeson vivendo o psicopata Gabriel, e o trio coadjuvante de Brian d’Arcy James (Jimmy), James Badge Dale (Kevin) e Jeremy Bobb (Rob), atuando como os maridos gangsters.

Mesmo fazendo sua estreia no comando da direção, Berloff é uma realizadora já familiarizada com narrativas policiais de ação, trabalhando em roteiros como Sleepless Night (2017, de Baran bo Odar), Herança de Sangue (2016, de Jean-François Richet) e Straight Outta Compton: A História do N.W.A. (2015, de F. Gary Gray), o último rendendo a Andrea uma indicação por Melhor Roteiro Original no Oscar 2016.

Porém, em Rainhas do Crime a construção da trama deixa um pouco a desejar, a forma como o roteiro guia o arco das personagens principais não permite o desenvolvimento necessário das complexidades que o mesmo pretende entregar, a entrada de Kathy, Ruby e Claire no mundo do crime ocorre depressa, pouco aprofundando-se nos pontos que o filme expõe como fatores para isso. A personagem vivida por Elisabeth Moss cresce em seu arco mais claramente, acompanhamos a transição de Claire de vítima para malfeitora, denotando certa força conquistada por ela através de seus traumas. Ainda no arco de Claire, apresenta-se o personagem de Domhanall Gleeson, que surge como um auxílio para a imposição das mulheres no comando do bairro, seu papel torna-se interessante ao longo do filme, mas sua cena final um tanto insípida não aproveita muito disto.

Rainhas do Crime não vem a ser um filme inesperado, os diálogos cooperam para uma causalidade mecânica dos assuntos abordados, trazendo uma perspectiva pouco surpreendente de temas como protagonismo feminino e preconceito. A montagem em determinados momentos quebra o ritmo das cenas, mas as escolhas de plano da diretora funcionam para acentuar a dramaticidade que as atrizes entregam em tela, bem como a trilha que não só guia e pontua os instantes de tensão, quanto também ajuda na criação da atmosfera da década, que na produção destaca-se no conjunto da fotografia, cenografia e figurino. Andrea Berloff tem aptidão para o gênero e pode-se esperar que continue seguindo este mote nas futuras produções.

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