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Festivais

24º Forumdoc.bh. (2020) – Último dia

Forumdoc.bh.2020 encerra programação on-line hoje, segunda-feira, 30 nov.

Por Luiz Joaquim | 30.11.2020 (segunda-feira)

– com informações da assessoria de imprensa do Forumdoc. Acima, cena de Yaõkwa: Imagem e Memória, Vincent Carelli, Rita Carelli

Não são dez e sim doze dias de realização do 24º Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte (forumdoc.bh). A previsão de término no sábado passado (28) foi superada com mais dois dias de programação dedicada a produções históricas de recentes da cinematografia do gênero. Até hoje (30), o público continua a ter acesso aos 23 filmes da Mostra Temática “Essa Terra é a Nossa Terra” e a quatro longas e cinco curtas-metragens indicados como destaques pelas comissões julgadoras da Mostra Contemporânea Brasileira, relativa aos dois últimos anos de produção audiovisual no campo documental no Brasil. Os títulos podem ser vistos pelo site (clique aqui) e não é necessário qualquer tipo de cadastro.  

Desde o dia 19 de novembro, o forumdoc.bh.2020 tem apresentado uma programação 100% on-line e gratuita. O formato virtual foi definido para dar continuidade do festival, realizado desde 1997 em edições ininterruptas, e para garantir a adaptação do evento ao contexto de isolamento social. Na edição deste ano, foram exibidos no total 71 filmes, distribuídos em três mostras centrais, sendo uma delas dedicada à temática do território e da luta pela terra, intitulada: “Esta terra é a nossa terra”. Além das mostras de filmes, a programação do festival contou com um fórum de debates, composto por Encontros com realizadoras e realizadores da Mostra Contemporânea Brasileira, Seminário “Esta terra é a nossa terra”, masterclass O filme ensaio e as margens entre as imagens, com a realizadora Joana Pimenta (Portugal), veiculação de entrevistas especiais e o lançamento da revista Devires – dossiê Cinema e Escritas de Si, vinculada ao programa PPGCOM-UFMG.

Nos dois dias de programação estendida, ficam disponíveis 32 títulos, incluindo os destaques das comissões julgadoras da Mostra Contemporânea Brasileira. Entre os longas, foram indicados: Cadê Edson? (DF), de Dácia Ibiapina; Entre Nós Talvez Estejam Multidões (MG/PE), de Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito; Ingrõny, Pisada Forte (PA), do Coletivo Beture de Cineastas Mebengokre (Kayapó); e Negras Vozes – Tempos de Alakan (SP), de Beto Brant. Entre os curtas-metragens, o júri indicou: Obatala Film (MG/SP), de Sebastian Wiedemann; Mineiros (Minas, Gerais, 2019), de Amanda Dias; A Morte Branca do Feiticeiro Negro (SC), Rodrigo Ribeiro; Topawa (PA), de Kamikia Kisedje, Simone Giovine; e Yaõkwa – Imagem e Memória (PE/MT), Vincent Carelli e Rita Carelli.

Cena de “Cadê Edson?”

 “Este é o primeiro ano que o ForumDoc ocupa o ambiente on-line. Apesar de todo o desafio, o resultado superou nossas expectativas. O mais importante foi garantir uma continuidade de uma formação de público para o documentário, de um intercâmbio entre os realizadores porque os encontros aconteceram de modo on-line, com os webnários e lives. Oferecemos uma contribuição este momento, promovendo acesso à cultura, à educação e à arte de qualidade”, avalia Júnia Torres, coordenadora geral do forumdoc.bh.2020 e membro da equipe de curadoria da Mostra Contemporânea Brasileira.

Programação estendidaTodos os 23 filmes históricos estrangeiros e brasileiros da Mostra Temática “Esta terra é a nossa terra” podem ser vistos até às 23h59 desta segunda. Das produções convidadas, 15 são nacionais e apresentam temáticas ligadas a movimentos sociais que marcaram a cinematografia nacional. Os filmes oferecem visões sobre os povos, culturas, expressões a partir do cinema. A curadoria assinada por Carla Italiano, Ewerton Belico e Milene Migliano evidencia produções cujas narrativas se valem da relação entre realizadoras e realizadores e movimentos sociais dedicados às lutas fundiárias, urbanas e rurais e pela moradia. A maioria das produções convidadas testemunha atos, processos históricos de movimentos ou lutas, e registram conflitos em curso.

A Mostra Contemporânea Brasileira, dedicada a filmes selecionados entre centenas de inscritos, mapeando o documentário recente, exibe 36 títulos nacionais produzidos em 2019 e 2020, oriundos de 13 estados brasileiros e do Distrito Federal, incluindo coproduções nacionais e uma internacional, feita em parceria entre Pernambuco e Colômbia. A seleção foi feita pelos curadores André Novais de Oliveira, Daniel Ribeiro, Júnia Torres e Luisa Lanna. Dos 36 filmes selecionados nove podem ser (re)vistos através do site oficial do forumdoc.bh.2020.

Destaques do Júri da Mostra Contemporânea Brasileira (longas) – Compuseram o júri desta categoria: Henrique Borela Aguiar, realizador audiovisual e um dos criadores do Fronteira – Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental; Kênia Freitas, professora, crítica e curadora de cinema, com pesquisa sobre Afrofuturismo e o Cinema Negro, doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ; e Naara Fontinele, pesquisadora, professora, educadora e curadora de cinema, doutora em Estudos Cinematográficos e Audiovisuais pela Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3.

“Diante do desafio de conferir destaque aos filmes que julgamos especialmente relevantes nesta edição do Festival ForumDoc., o júri decidiu destacar quatro obras de longa-metragem do vigoroso conjunto de filmes compondo a Mostra Contemporânea Brasileira de 2020. A escolha desses quatro filmes resulta tanto da sensibilidade no tratamento das imagens e sons (no gesto de filmar e de montar), quanto da importância histórica e política dos filmes em nosso tempo”, anunciou a comissão julgadora de longas-metragens.

1. Destaque da sessão “Imagens que faltam”: Cadê Edson?, de Dácia Ibiapina

Pelo tratamento sensível de imagens e sons ao confrontar as construções da mídia hegemônica, pela vigorosa atualização do método da entrevista no cinema, por trazer na montagem as imagens que o poder se esforça em nos ocultar e por criar tantas imagens necessárias que muito nos ensinam sobre a memória dos brasileiros em luta.

2. Destaque “O tempo nas imagens, as imagens no tempo”: Entre nós talvez estejam multidões, de Aiano Bemfica e Pedro Maia

Assim como o filme Cadê Edson?, o filme Entre nós talvez estejam multidões, de Aiano Bemfica e Pedro Maia traz um sopro de sensibilidade ao cinema engajado brasileiro realizado junto aos militantes. É sobretudo pela maneira como o filme repousa a câmera diante de um processo de luta por moradia, tornando sensível a experiência da mobilização coletiva e suas diversas temporalidades.

Cena de “Entre nós talvez estejam multidões”

3. Destaque “Rituais da imagem”: Negras vozes – Tempos de Alakan, de Beto Brant

Pela entrega do filme Negras Vozes – Tempos de Alakan, de Beto Brant como um portal de ancestralidade negra, apostando em um cinema de imersão sensorial como passagem e contato. O júri deseja destacar o filme também pela montagem (de Willem Dias) que ecoa os inúmeros cantos, olhares, presenças negras em fluxo da festa e do ritual.

4. Destaque “Firmezas estéticas”: Ingrõny, pisada forte, do coletivo Beture de Cineastas Mebêngôkre (Kayapó).

A firmeza das escolhas estéticas a cada plano e o cuidadoso gesto de elaboração de memórias no tempo presente conduzem o júri a destacar o filme Ingrõny, pisada forte, do coletivo Beture de Cineastas Mebêngôkre (Kayapó).

Destaques do Júri da Mostra Contemporânea Brasileira (curtas) – A comissão que conferiu destaque aos curtas-metragens foi formada por Alberto Alvares, profícuo realizador Guarani que vem tendo  seus trabalhos reconhecidos e premiados em festivais de cinema no Brasil e em outros países; Juliano Gomes, crítico e professor, editor da Revista Cinética, onde escreve desde 2010; e Maya Da-Rin, diretora cujo trabalho mais recente A Febre (2019) vem se destacando em alguns dos mais reconhecidos festivais de cinema do mundo.

1.Destaque Montagem em transe: Obatala Film, de Sebastian Wiedemann

Por fazer do filme um ritual material de peles, películas, ritmos visuais e sonoros, produzindo uma atmosfera de transe através do preciso trabalho de montagem, escolhemos Obatala Film de Sebastian Wiedemann.

2.Destaque Vozes do silêncio, vozes da montanha: Mineiros, de Amanda Dias

Pela potência imagética com que presentifica um dos maiores crimes ambientais ocorridos em Minas Gerais, atualizando os espaços, suas ausências e fazendo ecoar o silêncio de vidas que tiveram suas histórias apagadas e interrompidas, o júri decidiu pelo filme Mineiros, de Amanda Dias.

3. Destaque Cine-transmutação:  A Morte Branca do Feiticeiro Negro, de Rodrigo Ribeiro

Pela maneira coesa com que organiza seus materiais diversos em um fluxo único e pela intensidade com que catalisa um silêncio expressivo que atravessa as mortes históricas para emanar uma singular forma de vitalidade, o júri decidiu pelo filme A Morte Branca do Feiticeiro Negro, de Rodrigo Ribeiro.

4. Destaque Tecitura da imagem: Topawa, de Kamikia Kisedje e Simone Giovine

Por apresentar a narrativa estética das mulheres indígenas da etnia Parakanã na tecelagem de redes. A tecelagem, ação que dá origem ao filme, apresenta a confecção da rede através da câmera, proporcionando ao espectador a imersão no universo cosmológico construído milenarmente através da oralidade. O júri escolheu, portanto, o filme Topawa, de Kamikia Kisedje, Simone Giovine.

5. Destaque Homenagem partilha da memória: Yaõkwa – Imagem e Memória, de Vincent Carelli Rita Carelli

Pelo registro e partilha de imagens que atuam profundamente no real, ativando a memória, criando mundos e construindo um novo porvir, gostaríamos de homenagear o projeto Vídeo nas Aldeias e todos as realizadoras e realizadores que dele participam e colaboram para a sua existência e continuidade.

MOSTRA “ESTA TERRA É A NOSSA TERRA”

Not a penny on the rents [Nem um centavo a mais] (Reino Unido, 1969, 25′), Cinema Action

Amuhuelai-mi – Ya no te iras (Chile, 1971, 11′), Maria Luisa Mallet       

Narita: the Peasants of the Second Fortress [Narita: os camponeses da segunda fortaleza] (Japão, 1971, 143′), Shinsuke Ogawa

They do not exist [Eles não existem] (Palestina, 1974, 24′), Mustafa Abu Ali

Everyday life in a Syrian Village [A vida em um vilarejo sírio] (Síria, 1974, 82′), Omar Amiralay

Rua São Bento, 405 (Brasil, 1976, 22′), Ugo Giorgetti

Fim de Semana (Brasil, 1976, 31′), Renato Tapajós

Loteamento Clandestino (Brasil, 1978, 22′), Erminia Maricato

Quando a Rua vira Casa (Brasil, 1981, 21′), Tetê Moraes

A Classe Roceira (Brasil, 1985, 29′), Berenice Mendes

Kanehsatake – 270 years of resistance [Kanehsatake – 270 anos de resistência] (Canadá, 1993, 119′), Alanis Obomsawin

A Narmada Diary [Diário de Narmada] (Índia, 1995, 57′), Anand Patwardhan

Mulheres no front (1996, 36′), Eduardo Coutinho 

The Roof [O Telhado] (Palestina, 2006, 63′), Kamal Aljafari

Atrás da porta (Brasil, 2010, 92′), Vladimir Seixas

Braço armado das empreiteiras (Brasil, 2014, 4′), Movimento Ocupe Estelita

Pirakuá – Os Guardiões do Rio Ápa (Brasil, 2014, 11′), Gilmar Galache/ASCURI

Audiência Pública (?) (Brasil, 2014, 19′), Ernesto de Carvalho, Leon Sampaio, Luís Henrique Leal, Marcelo Pedroso, Pedro Severien

Eles sempre falam por nós (Brasil, 2017, 65′), Carina Aparecida

Vida e Luta na Retomada Tei’ykue (Brasil, 2018, 7′), ASCURI

Sequizágua (Brasil, 2020, 86’), Maurício Rezende

Pohã Re’yi – Família dos remédios (Brasil, 2020, 17′), Joilson Brites, Jhonathan Gomes, Wagner Gomes, Anailson Flores

Nũhũ Yãgmũ Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa! (Brasil, 2020, 70′), Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu, Roberto Romero

DESTAQUES DO JÚRI MOSTRA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA – Longas-metragens

Cadê Edson? (Distrito Federal, 2019, 74’), Dácia Ibiapina

Entre Nós Talvez Estejam Multidões (Minas Gerais/Pernambuco, 2020, 98’), Aiano Bemfica, Pedro Maia de Brito

Ingrõny, Pisada Forte (Pará, 2019, 75’), Coletivo Beture de Cineastas Mebengokre

Negras Vozes – Tempos de Alakan (São Paulo, 2020, 40’), Beto Brant

Curtas-metragens

Obatala Film (Minas Gerais /São Paulo, 2019, 7’), Sebastian Wiedemann

Mineiros (Minas, Gerais, 2019, 23’), Amanda Dias

A Morte Branca do Feiticeiro Negro (Santa Catarina, 2020, 11’), Rodrigo Ribeiro

Topawa (Pará, 2019, 7’), Kamikia Kisedje, Simone Giovine

Yaõkwa – Imagem e Memória (Pernambuco/Mato Grosso, 2020, 21’), Vincent Carelli, Rita Carelli

 

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