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Os 1970s que Amamos (#7)

O Farol do Fim do Mundo (The Light at the Edge of the World, 1971)

Por André Pinto | 03.05.2021 (segunda-feira)

O tipo de filme – demônio que eu precisava exorcizar. Fiquei traumatizado na época que vi numa madrugada da Sessão coruja, no meio dos anos 1980.

Sentei pra ver uma aventura estilo Disney – é uma obra baseada no último romance de Júlio Verne. Sim, uma obra póstuma – e o que recebi foi um filme brutal.

Vendo agora essa versão restaurada, percebo claramente suas virtudes e seus defeitos. Continua sendo uma aventura de piratas violenta ao estilo do desencanto americano dos 1970, mesmo sendo uma coprodução. A violência chega a ser grotesca, e só não é mais efetiva porque infelizmente os efeitos práticos aplicados envelheceram muito mal.

O que ainda funciona? A fotografia, apesar de equivocada (a noite americana mais fail da história do cinema), é belíssima em glorioso Cinemascope Panavision.

Algumas cenas continuam fortes, principalmente pelo bizarro provocado por atuações exageradas (boa parte do elenco é de colaboradores coadjuvantes dos filmes de Sérgio Leone). O resultado absurdo se torna hipnótico em vez de risível. Cito em particular a cena cerimonial do tambor que envolve o pirata risonho do cabelo grande. Lembra o clima do Homem de palha.

E temos três estrelas no trio central: O herói Kirk Douglas, o vilão Brynner, papel fora do usual do ator, e a mocinha trágica de Samantha Eggar.

Os diálogos são acima da média, mas são evidentes em certas soluções frouxas para subtramas.

É quase um survival horror regular na execução, mas como produto dos 1970 tem algo estranho e surreal que vale uma sessão da meia-noite.

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