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Críticas

A Queda (2022)

Aquele ‘Filme B’ que diverte e incomoda muita gente.

Por Luiz Joaquim | 27.09.2022 (terça-feira)

Se você sabe que sofre de vertigem, ou apenas desconfia que sofre, então talvez seja interessante pensar duas vezes antes de ir aos cinemas a partir desta quinta-feira (29) para assistir A queda (Fall, EUA, 2022), de Scott Mann.

Não confundir com A queda! Os últimos dias de Hitler, icônico sucesso alemão de 2004 estrelado por Bruno Ganz. Na trama do filme norte-americano os despencamentos são literais, causados pela gravidade sobre corpos físicos, e não metafóricos para suscitar uma derrocada pessoal.

A propósito, Gravidade seria um ótimo título para a produção de Scott Mann se também já não houvesse uma outra obra emblemática com esse mesmo título, no caso dirigida por Alfonso Cuarón em 2013.

Mas, de volta à estreia desta semana, temos um argumento muito simples e, ao mesmo tempo, competente propondo toda a ação que permeia A queda. Duas jovens – Becky (Grace Caroline Currey, de Shazam!) e Hunter (Virgínia Gardner) decidem, a convite da segunda, subir uma desativada e enferrujada antena de tevê numa desértica região dos EUA para que a primeira, Becky, consiga superar um trauma envolvendo seu marido numa expedição de alpinismo ocorrida um ano antes.

Outrora famosa por ser a estrutura mais alta dos EUA, com seus 600 metros de altura – o equivalente a duas Torres Eiffel, uma sobre a outra – a antena americana é assustadora em sua proporção e fragilidade. Nada disso repele Hunter, determinada a ajudar a amiga a recomeçar a vida. Pelo contrário, Hunter sente-se ainda mais desafiada pela estrutura que é, ainda, considerada a 4ª mais alta de seu país.

Antena tem, 600 metros, altura equivalente a duas Torres Eiffel.

O desafio serve também para Hunter, como YouTuber, ganhar mais prestígio com os seus 60 mil seguidores que acompanham suas aventuras nas alturas.

Acontece que, uma vez lá em cima, um acidente faz desmoronar a escada que dá acesso aos últimos 60 metros (algo como um prédio de 20 andares) da antena. Como resultado, Becky e Hunter ficam presas nas alturas, no meio do nada, e sem comunicação por conta da interferência da antena em seus smartphones.

Como se salvar, então? O roteiro de Mann coassinado com Johnathan Frank se dedica a apresentar aos poucos as parcas possibilidades que se colocam diante das duas amigas na medida em que o desespero inicial vai sendo administrado.

Desespero seguido de concentração para pensar numa alternativa de salvação.

Com consecutivos resultados frustrados para cada possibilidade de salvação, o roteiro promove uma boa dose de tensão no espectador que “entra” no filme embalado pelos bons efeitos digitais. Tais efeitos talvez sejam o mais essencial elemento num filme como esse, para que esqueçamos efetivamente que tudo ali é uma mentira e soframos junto com as heroínas.

E A queda é exitoso. Enquanto seu roteiro carece de sofisticação nas falas das personagens, ou numa ou noutra situação pouco lógica, o filme ganha na capacidade de convencer visualmente, tornando-o um autêntico thriller no espírito de ‘Filme B’ em seus melhores momentos.

Tensão e provocações, talvez insuportáveis, para quem tem vertigem. Na cena, Becky (Currey) no topo da antena.

Becky e Hunter precisam sobreviver sem água e comida, isoladas numa antena, a 600 metros de altura, numa região desértica e sem comunicação. É um argumento e tanto, para um cenário (ainda que virtual) e tanto e que, com os estímulos corretos (como os promovidos aqui) farão muita gente se encolher na poltrona do cinema.

Mas, antes de comprar o ingresso, faça um check-up sobre suas fobias.

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