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Críticas

A Lenda de Beowulf

Rascunho de atores

Por Luiz Joaquim | 29.11.2007 (quinta-feira)

Não é de hoje que o diretor Robert Zemeckis produz experimentos com animação. Em 1988, seu “Uma Cilada para Roger Rabbit” marcou época por colocar atores humanos em ação de uma forma interativa nunca antes vista dentro de um cartoon. Em 2002, com “O Expresso Polar”, pôs Tom Hanks e cia. para atuar com sensores ligados ao corpo de forma que os movimentos pudessem ser capturados por um computador e daí transformados em animação. Agora, com “A Lenda de Beowulf” (Beowulf, EUA, 2007), Zemeckis aperfeiçoa esta técnica para, sob a imaginação dos roteiristas Neil Gaiman e Roger Avary (de “Parceiros do Crime”), nos levar a Dinamarca de 500 d.C.

Lá, o reino de Hrothgar (Anthony Hopkins) e da rainha Wealthow (Robin Wright Penn) é ameaçado por Grendel, um monstro, com 4 metros, de músculos e sem pele, com uma sensível audição para alguns sons (no Brasil ele teria muitos problemas). A chegada do guerreiro Beowulf traz uma lhufada de esperança para o reinado, mas só depois o herói descobre que a maldição não está com o monstro, mas sim com a mãe dele (Angelina Jolie). O atraente aqui está menos no enredo e mais na inovação técnica, que dá uma aparência de rascunho para atores conhecidos (John Malkovich também aparece). Outro detalhe é a tecnologia permitir que a câmera faça piruetas virtuais sobre cenários reais. Diferente de “300”, a sensação e a textura de animação em “Beowulf” são mais fortes e incidem sobre os atores diretamente, embora saibamos que estamos vendo os movimentos de pessoas reais.

Sobre o enredo, temos o mote clássico do mocinho que salva a mocinha do dragão. O interessante é que ela é sua esposa e ele, um bárbaro, que não tem nenhum dote a ganhar salvando-a, apenas o resgate do respeito, por ter sido um márido relápso. Sinal dos tempos (os anos 2000), quando até uma fábula remete à esfera do politicamente correto.

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