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Críticas

Almoço em Agosto

Humanidade como sobremesa

Por Luiz Joaquim | 06.11.2009 (sexta-feira)

Em 2008, um fenômeno italiano chamado “Gomorra” ganhou o mundo e mostrou uma vigorosa e nova fase do cinema daquele país. Um dos responsáveis pelo sucesso foi seu roteirista e assistente de direção Gianni Di Gregório. Hoje, o Cine Rosa e Silva apresenta a cidade outra pérola (num outro tom) do atual cinema italiano que também traz Gianni – agora como diretor ator, e também roteirista, claro.

Trata-se de “Almoço em Agosto” (Pranzo di Ferragosto, Ita. 2008), que mostra, em um dia e uma noite, a deliciosa aventura afetiva de Giovanni (Gianni) um homem de meia idade que mora num pequeno apartamento em Roma com sua mãe nonagenária (Valeria De Franciscis) e, por dificuldade financeira, passa-se por babá de quatro hóspedes igualmente idosas.

Neste primeiro filme que Gianni (se) dirige, temos tudo, em termos de produção, numa pequena escala. A história passa-se quase que apenas em uma locação, o apartamento do protagonista, com o elenco não-profissional de idosas, provando o quanto o mínimo pode oferecer de grandioso, desde de conduzido de forma precisa.

É uma bela fábula que respira humanidade sem ser piegas e também sem ser condescendente. Não esquecer que existe uma questão monetária que estimula o “interesse” de Giovanni em cuidar de todas as velhinhas

“Almoço em Agosto” é sem dúvida um dos mais interessantes filmes recentes sobre o espírito da velhice, seja pela delicadeza que sua fragilidade sugere, seja pelo conhecimento de sua vulnerabilidade, seja pela sabedoria dos limites de seus prazeres e, mesmo assim, pela capacidade de ter alegria em viver. As velhinhas de “Almoço em Agosto” dão uma bela lição para juventude, subvertendo qualquer lição que a juventude queira lhes ensinar.

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