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Críticas

Kick-Ass: Quebrando Tudo

Nascido para apanhar

Por Luiz Joaquim | 18.06.2010 (sexta-feira)

Com surpreendente performance nos EUA, “Kick-Ass: Quebrando Tudo” (Kick-Ass, EUA, 2010), de Matthew Vaughn, estreia nos multiplex brasileiros. Não se sabe se o efeito no público daqui será o mesmo que no de lá. Por mais que obedeça estratégias universais para se comunicar, um arrasa-quarteirão norte-americano carrega consigo princípios próprios da cultura gringa que podem simplesmente não funcionar no exterior. No caso de “Kick-Ass”, existem elementos que atraem o público jovem (e massivo dos mutiplex). O filme é uma adaptação de um HQ recém-criado, e faz referências a outros heróis de HQs (Batman, Homem-Aranha) que, claro, já viraram filme e que, por sua vez, transformaram-se em bilhões de dólares para os estúdios.

Em poucas palavras, “Kick-Ass” circula em torno de personagens adolescentes, mas não direciona a aventura exclusivamente para problemas juvenis. Na verdade este é um dos seus méritos. O diretor (e co-roteirista) Vaughn não poupa o espectador dando apenas pancadinhas leve em seus super-herois adolescentes. Há espancamento, acidente de carro, facadas (com sangue à vista), tiro a queima roupa, membros decepados. Ao mesmo tempo, de forma paradoxal, este é também o grande problema do filme. Confuso?

Primeiro é importante entender que Kick-Ass é o nome do super-heroi inventando pelo adolescente Dave (Aaron Johnson). Lá pelos seus 17 anos, Dave é um nerd que adora HQ, tem dois amigos iguais a ele, e é praticamente invisível para as meninas no colégio. Para piorar, a garota por quem é apaixonado acha que ele é gay.

A partir de uma conversa, ele se pergunta por que ninguém nunca tentou se tornar um super herói. Daí nasce Kick-Ass, que Dave personifica vestindo uma ridícula roupa verde de borracha, auxiliado por dois bastões e pistolas de choque elétrico. É claro que o moleque apanha muito (e feio) já na sua primeira intervenção contra o crime em Nova Iorque, mas por um acidente, um video seu em ação vai parar no Youtube tornando-o uma celebridade mistériosa.

Depois de chamar a atenção de Frank (Mark Strong), o maior traficante da metrópole, Kick Ass é confundido com outro herói misterioso (Nicolas Cage em papel pequeno e sob controle) que quer vingar a morte da mulher matando o bandido. Enfurecido Big Dad (Cage) educa sua filha, de 11 anos, para ser a heroína Hit Girl (Chloë Grace Moretz). E sim, Hit Girl, aos 11, é uma matadora fria e sanguinária. Aí entra o ponto delicado de “Kick-Ass”, o filme.

Se por um lado é interessante ver Hollywood mostrar violência explicitamente, é preocupante ver o assunto ser considerando comum por crianças com elas protagonizando-as na tela. Não se trata de uma observação ingênua. Sabe-se que violência explícita está no ar 24h na TV e também na esquina de nossa rua, mas daí a vender no cinema que qualquer jovem pode ser um super-heroi e encarar marginais armados é uma sugestão perigoso para o tão influenciável público juvenil.

Agora, se por um lado há esta proposta irresponsável em “Kick Ass”, há também um excelente trabalho de ritmo na direção de Vaughn, sem falar no seu roteiro originalíssimo, que deixa o espectador completamente desorientado sobre o que vai acontecer no minuto seguinte. Isso é bom.

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