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Festivais

35° Guarnicê (2012) – noite 1

Evento acontece no Teatro da Cidade

Por Luiz Joaquim | 12.06.2012 (terça-feira)

SÃO LUIZ (MA) – Na noite do último domingo, em São Luís do Maranhão, teve início a 35ª edição do Guarnicê de Cinema, o quarto mais antigo festival em atividade do País. O evento está sendo realizado no recém-restaurado – inaugurado na semana passada -, Teatro da Cidade, um espaço com cerca de 240 lugares, onde antes funcionava o antigo Cine Roxy (primeiro um cinema comercial, depois um cinema pornô). Como em trabalhos de restauração semelhantes, mesmo com seis aparelhos de ar-condicionado, a sala não conseguiu manter uma mínima refrigeração, fazendo o público presente sofrer durante as quase quatro horas de cerimônia, encerrada com a exibição do documentário “Raul Seixas – O início, o fim e o meio”, de Walter Carvalho. Dando satisfação à reclamação dos espectadores, Celso Brandão, um dos produtores do Guarnicê, subiu ao palco e prometeu resolver o problema até a noite de ontem (11-jun).

O atual organizador do festival, Alberto Dantas, comentou que neste ano o evento “está enxuto, apresentando menos categorias, no entanto, está mais revigorado e preocupado com a curadoria”, composta por Carlos Benalves, Marcos Belfort e Luca Palmieri. O nome Guarnicê faz referência à maior manifestação folclórica do Maranhão, o bumba-meu-boi, especialmente ao momento de preparação em que os diferentes brincantes se reúnem em torno da fogueira onde esquentam os seus tambores e pandeiros, cantando a chegada do Boi. Neste ano, o evento está homenageando a atriz Marília Pêra e os cineastas maranhenses Murilo Santos e Euclides Moreira. Durante a abertura, os dois últimos, cuja história cinematográfica se confunde com a própria história do festival, receberam um prêmio especial pelos serviços prestados à cultura do estado.

Um curto documentário foi mostrado contando a trajetória de cada um e Moreira, ao pegar o microfone, ficou tão emocionado que não conseguiu falar. Terminou aplaudido de pé, enquanto que Santos relembrou como o Guarnicê começou como uma jornada do Super 8 organizada por universitários – uma mostra especial com filmes dos dois será apresentada dentro da programação. Dando sequência à cerimônia de abertura, subiu ao palco a Infinite Jazz Band, tocando o hino do festival e o clássico de Raul Seixas, “Gitã”, na voz de Wilson Zara, uma espécie de cover local do cantor.

Por fim, o documentário sobre o cantor baiano tem um claro apelo popular por conta do carisma do “Maluco Beleza”, especialmente quando surgem na tela imagens raras de arquivo, sejam de shows ou de momentos de intimidade. Entretanto, o filme tem um problema sério de montagem, mesmo o editor confirmando que demorou dois anos para fazer o corte final. Além de muito longo, sensação acentuada pelo calor da sala, há uma obsessão pelas mulheres de Raul e algumas cenas procuram representar os depoimentos de maneira extremamente literal, de forma que consegue com sua última sequência, momento em que versa sobre a morte do cantor, sintetizar o que há de mais constrangedor e mórbido no cinema brasileiro recente.

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