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Críticas

Branco Sai, Preto Fica

Redenção que vem do futuro

Por Luiz Joaquim | 02.04.2015 (quinta-feira)

Adirley Queirós é um figura única do contemporâneo cinema brasileiro. E hoje o Recife, pelo Cinema da Fundação Joaquim, poderá conferir sua última genialidade cinematográfica com o lançamento de “Branco Sai, Preto Fica” (Bra., 2014). Ex-jogador de futebol, Adirley estudou cinema na Universidade de Brasília e vem se firmando com uma das mentes mais inventivas do cinema nacional.

Depois de impressionar com “Fora de Campo” (2010) e “A Cidade É uma Só?” (2012), Adirley mostrou ao mundo pela primeira vez na Mostra de Tiradentes 2014 sua nova criação, o docficção-científica “Branco Sai…”, centrada na Ceilândia, Distrito Federal, como todos seus outros filmes.

De um universo paralelo chega a Ceilândia um viajante do futuro (Dilmar Durães). Ele desce com sua nave ao presente para restaurar uma injustiça social do passado. A injustiça foi invasão truculenta que a polícia realmente realizou nos anos 1980 num baile black chamado “Quarentão” e famoso na época naquela região.

Entre os saldos da brutalidade, a polícia deixou os então adolescentes Marquim e Sartana, respectivamente, de cadeira de rodas e amputado da perna esquerda. Ao mesmo tempo, seguindo com as dificuldades da amputação física e cultural sofrida no passado e no presente, os dois mutilados juntam forças e criam uma espécie de bomba atômica a base de black music e tecnobrega, aqui representada pela ótima “Dança do Jumento”.

Não apenas pelo seu criativo roteiro, “Branco Sai, Preto Fica” é igualmente genial na sua concepção fílmica. A dosagem certinha entre humor e indignação social faz dele um filme obrigatório para o Brasil ver e repensar alternativas a um particular discurso cinematográfico e também injustiças sociais.

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