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Críticas

Não se Preocupe, Querida

Alice no condomínio das maravilhas.

Por Luiz Joaquim | 15.09.2022 (quinta-feira)

O filme da semana, em cartaz nos cinemas, que pretende fazer a espectadora acordar e enxergar a libertação pela consciência sobre o opressor mundo masculino que a cerca chama-se Não se preocupe, querida (Don’t Worry, Darling, EUA, 2022) e tem direção de Olívia Wilde.

Diferente do filme da semana passada, em cartaz nos cinemas (Men: Faces do medo), que pretende fazer a espectadora acordar e enxergar a libertação pela consciência sobre o opressor mundo masculino que a cerca, Não se preocupe… chega como uma tentativa frágil de atingir seu objetivo por um enredo quase juvenil, diálogos reiterativos, encenação enfadonha (com exceção da performance de Chris Pine como o vilão Frank).

Wilde, mais conhecida como atriz, também atua aqui, interpretando Bunny nesse roteiro escrito a quatro mãos masculinas (os irmãos Carey e Shane Van Dick) com mais duas mãos femininas (as de Katie Silberman). Bunny não é a protagonista, mas sim a melhor amiga dela: Alice (Florence Pugh, esforçando-se, e mais conhecida por Midsommer: O mal não espera a noite).

Alice vive feliz como todas as esposas dos maridos que trabalham no secreto Projeto Vitória. Todas as 27 famílias envolvidas no projeto moram num condomínio fechado, no meio do deserto, como se ali fosse um oásis fabricado.

A época sugerida é a década de 1950 e, uma vez que todos os maridos saem do condomínio paraíso para irem trabalhar na zona proibida, as esposas se ocupam felizes de cuidar da casa, da cozinha e das crianças, além de fazer compras e fofocar.

Alice no condomínio das maravilhas

A simulação, aqui no filme, é de um ambiente (época) impecável ilustrando o american way of life do passado e salienta, com pincel atômico, o tanto de tormentoso que pode haver por trás da normalidade tranquila a partir do momento em que a mulher decide questionar o modus operandi do mundo masculino.

Como num misto ruim de duas telesséries populares – Desperate housewives e Black Mirror -, Não se preocupe, querida acaba por não agradar nem ao fã de uma nem ao da outra série. Pior, não promove entusiasmo, em sua tentativa espetaculosa, nem mesmo naquele que nunca teve uma prévia referência para o tema.

Resta aguardar o filme da semana que vem, que pretende fazer a espectadora acordar e enxergar a libertação pela consciência sobre o opressor mundo masculino que a cerca – ele chama-se A mulher rei –, e torcer para que venha firme, forte e estimulante em seu propósito, sendo também perturbador (no revolucionário sentido) para todos, todas e todes.

 

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