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Festivais

12° CinePE (2008) – noite 2 (longa)

Um libelo pró-democrático e civilista

Por Luiz Joaquim | 30.04.2008 (quarta-feira)

Quando nos deparamos com a cinebiografia de um homem público de prominência contemporânea, um pouco da nossa recente história é inevitavelmente revista. E como bem disse o gaúcho Tabajara Ruas, diretor de “Brizola: Tempos de Luta”, na terça-feira à noite no palco do 12° Cine-PE (projetado logo na seqüência) a respeito de seu documentário, a filme “é não só um resgate desse figura como também sua apresentação, necessária, para uma nova geração que talvez não o conheça bem”.

Uma vez que o filme comenta toda a vida, desde o nascimento em 1922 até o falecimento em 2004 (com cenas do funeral que abrem o filme, assim como o doc. “Cartola”), “Tempos de Luta” não se restringe apenas às lutas sociais e civilistas com as quais um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT) se agarrava.

Nem tampouco se restringiu aos seus episódios mais radicais em termos de confronto militar, quando ficou enquartelado na sede do governo do Rio Grande do Sul durante uma tentativa de golpe pós-renuncia de Jânio Quadro em 1961.

“Tempos de Guerra” sugere que toda a vida de Brizola foi uma luta constante pela democracia e pela justiça, tendo como leme a educação. Fosse como engraxate ou ascensorista na adolescência, ou como prefeito, ou no exílio, ou como deputado federal ou candidato à presidência da República na vida adulta e madura.

Por uma séria de razões sócio-históricas, e que provocou alucinada euforia na enorme platéia do Cine-PE, acontece já no final do filme; quando o rosto do apresentador Cid Moreira toma toda a tela, com a logomarca do Jornal Nacional ao fundo, lendo um ‘direito de resposta’ do político por ter sido injuriado no editorial feito pelo então presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho em 1992. A contudência e virulência do texto contra a postura da emissora, combinada com a expressão de constrangimento no rosto de Moreira representava algo muito potente no que diz respeito a democracia, como só figuras como Brizola alcançavam.

Apesar do rico material conseguido por Tabajaras, a montagem de “Tempos de Guerra” mostra-se dentro de um padrão acadêmico, televisivo, que acumula um montante de informações que acabam se atropelando, ficando melhor enquadradas num formato de apresentação para a TV, com intervalos para o espectador ter tempo de digeri-las. É, de toda maneira, um filme, como disse Tabajaras, necessário, como assim o foi Brizola na política nacional.

PS – o filme pode ser solicitado pelo site http://www.brizolatemposdeguerra.com.br

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