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Agradando os gringos

Câmera clara 120

Por Luiz Joaquim | 19.09.2008 (sexta-feira)

Difícil falar de um filme que ainda não vimos e é feio julgar previamente, mas não é difícil imaginar a principal razão pela qual “Última Parada 174” foi o indicado oficial do Brasil, terça-feira passada, para pleitear uma vaga entre os estrangeiros que vão concorrer ao Oscar da categoria em 2009. Primeiro vale esclarecer o processo de seleção, que fica a cargo de seis profissionais da área de cinema convidados pelo Ministério da Cultura, via Secretaria do Audiovisual. Este ano estavam lá Antonio Alfredo Torres Bandeira, o crítico Cléber Eduardo, Silvia Maria Sachs Rabello, Maria Dora Genis Mourão, o cineasta Giba Assis Brasil e Paulo Sérgio Almeida, do informativo FilmeB (que contabiliza e processa informações mercadológicas nos cinemas do Brasil). Dos 14 filmes inscritos, dois deles, a nosso ver, carregavam o perfil Oscar exportação: “Meu Nome Não é Johnny”, de Mauro Lima, e o de Bruno Barreto, que terminou sendo escolhido. Mas que perfil é esse? Não se pode brincar de adivinhação sobre que tipo de critérios o MinC sugestiona ao júri na hora da definição, mas o histórico dos indicados oficiais do Governo nos últimos anos dão uma idéia desses critérios. Com exceção de “Cinemas, Aspirinas e Urubus” sugerido em 2006, as obras indicadas trazem consigo uma significativa performance de bilheteria e são invariavelmente um drama de conotação política e/ou social. Exemplos: “O Qu4trilho” (1995, de Fábio Barreto), O Que é Isso Companheiro?” (1997, também de Bruno Barreto), “Central do Brasil” (1998), “Dois Filhos de Francisco” (2005), “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias” (2007). Observem que o nome ‘Barreto’ aparece duas vezes nessa pequena lista. E não é à toa. No caso de Bruno, seu currículo tem algumas linhas escritas nos EUA. É bem relacionado por lá e trabalhou com nomes como Dennis Hooper (no bom “Atos de Amor”, 1996) e Gwyneth Paltrow (no fiasco “Voando Alto”, 2003). No caso específico de “Última Parada 174” (que estréia nos cinemas dia 24 de outubro), alguns links históricos extra-filme podem favorecer sua classificação. O filme é a dramatização da vida de Sandro do Nascimento, menino de rua que sobreviveu a chacina da Candelária e anos depois faria o catastrófico seqüestro do ônibus 174. O fim dessa história virou um belíssimo documentário que transformou seu diretor José Padilha (de “Tropa de Elite”) em figura respeitada no mundo todo. Nos EUA, “Ônibus 174” ainda é bastante celebrado e pode ajudar no lançamento de “Última Parada…” por lá. Enfim… com todas estas relações, o júri do MinC pode ter acreditado no êxito do novo filme de Barreto com a Academia norte-americana. Às vezes o que menos importa aqui parece ser o filme em si. Em tempo: o representante francês que vai brigar pela mesma vaga de “Última Parada…” foi o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2008, “Entre les Murs”, de Laurent Cantent.

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Ironias cinematográficas
O chefe de animação da DreamWorks disse quarta-feira passada que a decisão da Warner Bros em adiar a estréia de “Harry Potter and The Half Blood Prince” de 17 de julho para 21 de novembro representava o “maior presente de natal que recebi nos meus 35 anos de carreira profissional”. A observação é porque a decisão de seu rival removeu parte da competição por bilhetes de cinema para sua produção “Madagascar 2: Fuga da África”, com estréia em 7 de novembro.

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Kidman
Nicole Kidman vai produzir e estrelar “The Eighth Wonder” (A Oitava Maravilha, numa tradução literal). Um aventura baseada numa descoberta arqueológica. A produção da Fox será escrita por Simon Kinberg, que escreveu em 2005 “Sr e Sra. Smith”, filme cuja agenda tinha Nicole como opção. Depois, Nicole será vista na Austrália, num épico de Baz Luhrman (diretor de “Moulin Rouge”, 2001).

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Em Toronto
Uma performance feminina tem chamado atenção no atual Toronto Film Festival. É a de Anne Hathaway, interpretando uma viciada em drogas em recuperação. O filme chama-se “Rachel Getting Married” (Rachel Casando) e é dirigido pelo veterano Jonathan Demme. Falam em indicação para o Oscar.

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