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Críticas

Reflexos da Inocência

Filme revê postura adulta pela pureza infantil

Por Luiz Joaquim | 17.09.2008 (quarta-feira)

Como era você quando criança? Ainda que lembremos de alguns fragmentos, é difícil precisar sobre nossa postura, anseios, medos e desejos na época da primeira infância. Em “Reflexos da Inocência” (Flashbacks of a Fool, Ing., 2008), filme de Baillie Walsh – que exibe às 19h30 de hoje em sessão única no Shopping Tacaruna – a canção de abertura chama a atenção para o fato de que, seja hoje rico ou pobre, todos já foram crianças e, sob essa condição, todos eram iguais. Ao menos nesse período da vida, os conceitos eram limpos de normas sociais e diferenciar-se de outras crianças não era uma questão importante. Importante era ter amigos. Ponto.

Junto a canção, a abertura mostra imagens distorcidas de Joe Scott (Daniel Craig, que em 7 de novembro reencarna o 007 em “Quantum of Solace”). Joe está engalfinhando-se, entre uma dose de cocaína e outra, com duas mulheres na cama. Ele é uma zilionária estrela hollywoodiana, que, na casa dos quarenta, tem a carreira em plena queda livre exatamente pela falta de foco e limites na vida.

Com a notícia de que faleceu Boots (Max Deacon), seu melhor amigo que não via há 25 anos, faz com que toda a fragilidade que dava forma ao menino Joe retorna a este Joe adulto e à beira de um colapso nervoso. Nesse ponto, “Reflexos…” nos leva aos anos 1970, época em que adolescentes curtiam Glam Rock e a grande discussão ficava entre quem era o melhor, se David Bowie ou Brian Ferry na banda Roxy Music. Uma seqüência em especial, com o adolescente Joe dublando a banda enquanto a garota porque está apaixonado, representa bem o nível de interesse pela música e, mais importante, que isso, a forma doce e inocente. No processo de conquista do primeiro amor.

Por essas descobertas entre o amor e o sexo, e por se passar numa casa litorânea em pleno anos 1970, o filme chama à memória o clássico “Verão de 42”, mas há uma ponte em “Reflexos…” que quer muito mais rever e questionar o presente, em função da inocência infantil, do que apenas ressalta o saudosismo. Imperdível.

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