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Críticas

Amores e espelhos

Dois pequenos textos sobre um drama e um suspense em cartaz

Por Luiz Joaquim | 17.10.2008 (sexta-feira)

O cineasta Claude Chabrol aponta sua câmera mais uma vez para as idiossincrasias da burguesia a partir da decisão amorosa de uma garota entre dois homens. Mas essa perspectiva fica um tanto subliminar em “Uma Garota Dividia em Duas” (La Fille Coupée en Deux, Ale./Fra., 2007), em cartaz no Cine Rosa e Silva, pelo fato de seu enredo carregar no aspecto da paixão dos dois homens pela jovem Gabrielle (Ludivine Sagnier).

A trama poderia soar simples se Chabrol não a tivesse apimentado com o fato de que a linda Gabrielle, menina da meteorologia de um TV, estivesse dividida entre Charles Saint-Denis (François Bérleand), um afamado escrito intelectual , casado e 30 anos mais velho que ela; e Paul (Benoit Magmel), um megamilionário, herdeiro de um império, petulante, vaiodoso, mas dono da leveza da juventude e da beleza física.

Numa mescla que contém humor ácido e reviravoltas digna dos melhores thrillers, vai aos poucos revelando os conflitos que levam Gabrielle para os problemas de se envolver com dois homens, e ainda mais tão distintos um do outro. Enquanto o escritor lhe oferece romantisco de primeira grandeza, mas só quando está afastado da esposa, o playboy demonstra seu amor através de uma devoção e de um ciúme patológico.

O confronto entre os dois é inevitável e o conflito ganha contornos de um thriller, mas sem andar na passada de um. Mesmo assim, o diretor estabelece uma complexa e admirável dinâmica na construção destes três personagens e na interação entre eles.

THRILLER
“Espelhos do Medo” (Mirrors, EUA, 2008), de Alexandre Aja, é um filme velho. Velho no sentido de contar a história de um ex-policial Ben (Kiefer Sutherland) psicologicamente pertubado por ter matado um outro policial por engano, e que perdeu o emprego por isso, além de ter virado um alcoólatra. Tentando se reerguer, vai trabalhar como vigilante do que restou de uma loja de departamentos incendiada. Lá, vê coisas estranhas nos espelhos do ambiente e, pela sua condição, nem a ex-mulher o leva a sério. Só com a confirmação de uma desgraça é que Ben passa de vítima para herói.

Entre a concretização de uma ação e outra, que reina aqui num roteiro esquemático, muitos BUMS, TCHANZ, pipocando pelas caixas surround do cinema, na tentativa de assustar o tímpano do espectador. Há, ainda, uma carga de efeitos especiais cansados, casados com uma montagem que soa velha, ou melhor, atrasada alguns anos. Mesmo no universo hollywoodiano, que nos sobrecarregou com dezenas de refilmagens ‘B’ para os J-Horros. Que o diga Walter Salles com o seu também fracassado “Águas Negras”, uma espécie de irmão dos ‘espelhos do mal’ de Sutherland. À propósito de refilmagens, Aja está escalado para refazer um clássico ‘B’: “Piranha”, de Joe Dante, rodado em 1978. A nova versão será em 3-D Digital.

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