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Não-atores

Câmera clara 131

Por Luiz Joaquim | 23.01.2009 (sexta-feira)

Um empresa de produtos lacticínios e a Xuxa Promoções e Produções Artísticas Ltda. fecharam um acordo promocional que vai possibilitar a uma criança que for selecionada pela tal promoção a participar do próximo longa-metragem da Xuxa através de um cruzeiro marítimo. A iniciativa me lembra as ações de gente como Rossellini e Fellini que traziam não-atores para participar em alguns de seus filmes. Mas entre a ação dos gênios europeus do cinema e a idéia da empresa de produtos lacticínios e da Xuxa existe uma gigantesca diferença de ideais. Se no caso de Rossellini – em “Roma, Cidade Aberta” (1945), por exemplo – não-atores eram convidados para complementar o elenco em função de um estado de destruição total na Itália pós-2ª Guerra; e no caso de Fellini (em diversos filmes), os não-atores eram bem-vindos em função da busca de um maior naturalismo; no caso da Xuxa a intenção é absolutamente mercadológica. O baixinho, e a mamãe do baixinho que forem ambos fãs da apresentadora podem achar espetacular estar ao lado da ‘Rainha dos Baixinho’ (sic) num filme, mas talvez nem percebam que estarão fechando um ciclo puramente comercial. A promoção é interessante para vender mais produtos lacticínios, para antecipar informações sobre a nova produção da Xuxa, e para utilizar a tal ação como estratégia marketeira na futura ocasião do lançamento do filme (final de 2009?). Enfim, quase nada aqui tem relação com o que chamamos de cinema.

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“Film-Party”
Um nota divulgada semana passada pela imprensa dizia que o filme italiano “Il Nuovo Secolo Americano” (foto acima), de Massimo Mazzuco, começou a ser distribuído pela produtora O2 Filmes, de Fernando Meirelles, com a distribuidora Moviemobz. O filme, além de mostrar os atentados de 11 de setembro, nos Estados Unidos, por um ponto de vista diferente, descreve outros fatos relacionados à administração do governo americano da época. Relata o uso do poder para manipular e distorcer informações através da mídia, e criar uma falsa imagem a seu favor. O curioso é que o diretor não filmou nenhuma das cenas presentes no longa. Todas as imagens foram enviadas à ele via Internet, com a ajuda de 9000 usuários da rede. Pelo teor polêmico do filme, poucos distribuidores no mundo arriscaram investir no produto. Aqui no Brasil, Meirelles aposta numa fórmula chama “Film-Party”, em que pela internet um grupo pode solicitar o filme para ver com os amigos em casa. Uma cópia em DVD é enviada ao solicitante que depois a devolve junto com o dinheiro equivalente a quantidade de pessoas que viram o filme com ele. Será que no Brasil, pais com tantos piratas digitais, o “Film-Party” funciona?

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Tiradentes
Hoje é dia de estréia mundial de um novo filme pernambucano. O curta-metragem de Leo Sette, “Confessionário”, projeta na Cine-Tenda da 12º Mostra de Cinema de Tiradentes às 19h. Sette recebeu diversos prêmios pelo seu anterior “Ocidente”.

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