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Críticas

Quem Disse que Era Fácil?

Um careta e uma emancipada unidos pelo amor

Por Luiz Joaquim | 23.01.2009 (sexta-feira)

Quando fez seu debut em 2004 com “Não É Você, Sou Eu”, apresentando a comédia romântica de um cirurgião, e DJ nas horas vagas, da Espanha que está disposto a deixar tudo para acompanhar a noiva numa mudança para Miami mas vê tudo ir por água abaixo quando se descobre traído, o diretor argentino Juan Taratuto colecionou excelentes críticas e fez estrondoso sucesso de bilheteria tanto em sua terra natal quanto no país europeu.

Uma boa trama combinada à figura masculina frágil e insegura protagonizada pelo seu ator preferido, Diego Peretti (em atuação envolvente) ajudaram a tornar “Não É Você…” um sucesso. Estas mesmas combinações, com o mesmo Peretti em mais uma bela performance, estão de volta agora com o novo “Quem Disse que Era Fácil?” (Quién Diceque Es Fácil?, Esp./Arg., 2007), em cartaz hoje no Cine Rosa e Silva.

Peretti encarna muito bem a persona do sujeito que não tem muito jeito com as mulheres e que as encanta exatamente por esse despreparo. É como uma espécie de Antoine Doinel, de Truffaut, ou mesmo os personagens de Woody Allen em suas primeiras comédias, quando sua ingenuidade e admiração exarcebada por elas acabava virando um aditivo não só cômico como reflexivo para com a relação homem x mulher.

Apesar da atual aparência, muito mais musculosa que no filme anterior, Peretti volta a ser um problemático com as mulheres. Aqui de forma mais radical. Seu personagem, Aldo, administra um lava-jato e passa as horas vagas brincando de autorama com dois amigos que veem sexo em tudo (exatamente pela ausência dele nas próprias vidas). Como uma espécie de ‘virgem de 30 anos’, Aldo é também radicalmente puritano com relação ao sexo oposto, até chegar onde ele mora a nova inquila, a fotógrafa Andrea (Carolina Pelleritti).

Andrea é seu oposto. Enquanto Aldo é um nerd que cresceu no próprio bairro dentro de uma doutrina espiritual existencialista, Andrea rodou uma dezena de países, dormiu com dezenas de homens (e talvez mulheres), além de não saber quem o pai da criança de quatro meses que carrega no ventre. Toda a emancipação de Andrea só faz esmagar ainda mais a inibição de Aldo, pontecializando sua ejaculação precoce; problema o qual Aldo tenta resolver em exercícios cômicos pelo resto do filme.

A coisa em comum entre os dois é a solidão, que logo será os une em função de um carinho mútuo que vez por outra topa nas diferenças de valores de vida da cada um. Complementando esse interessante filme está o elenco satélite – Andres Pazos, como o pai desesperançoso de Aldo, e Lidia Catalano, potencializando o cruel papel da faxineira com dignidade.

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