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Festivais

33a Mostra SP (2009) – 26out

O ano dos telefilmes franceses no Brasil

Por Luiz Joaquim | 27.10.2009 (terça-feira)

SÃO PAULO (SP) – Todo festival tem seus “medalhões” dentro da programação. Ou seja, aqueles filmes que chegam carimbados com selo de qualidade de festivais importantes, ou são lançamentos de diretores consagrados. Neste início da 33ª Mostra de SP um desses títulos foi “Aconteceu em Woodstock”, de Ang Lee, que esteve na seleção oficial de Cannes e abriu o Festival do Rio recentemente. E mesmo tendo lançamento comercial garantido no Brasil já no próximo mês, teve uma sessão disputada aqui na Mostra.

Também concorrido na segunda-feira, mas por outro motivo, foi o sueco “Patrik, Idade 1,5” (Patrik, 1,5), de Ella Lemhagen. A razão da procura era fácil de compreender. O ponto de partida do enredo tem origem numa problemática homossexual e, sendo sua sessão de estreia no Arteplex Frei Caneca – shopping conhecidamente bem frequentado por gays por aqui – não podia deixar de ser disputado.

Apesar do mote gay, “Patrik…” não se concentra unicamente nele. É um filme que não evita cenas românticas entre o casal Göran (Gustav Skarsgad) e Sven (Torkel Petersson) mas desdobra (bem) seu drama noutra questão universal, a da necessidade de constituir família. Tudo acontece quando o casal decide adotar um filho de um ano e meio, mas um erro os leva a receber Patrik (Thomas Ljungman), um adolescente, de 15 anos, homofóbico e com passado criminoso.

Evidente que o atrito entre os três personagens ganha espaço largo no filme mas, sempre regado a um humor sutil, “Patrik, 1,5” ganha o espectador também pela inteligência e leveza como trata diversas problemáticas envolvendo o preconceito. Inverte, inclusive, os papeis tradicionalmente estabelecidos pelo preconceito ao colocar não um homo, mas um heterossexual como infiel e devasso.

Duas produções irregulares da França marcaram presença na segunda-feira. “Louise Mitchel, A Rebelde” (Louise Mitchel, 2009), de Solveig Anspach, e “Um Homem Feliz” (Le Bonheur de Pierre, 2009), de Robert Ménard. Enquanto o primeiro retrata a revoltosa Louise Mitchel (Sylvie Testud), da Comuna de Paris e amiga de Victor Hugo, em seu exílio na ilha da Nova Caledônia, o segundo é uma comédia contemporânea de costumes sobre um físico e filósofo francês que herda uma pousada num vilarejo distante de Québec, Canadá. Ele leva sua fútil filha (a mesma Sylvie Testud) para mostrar-lhe que a felicidade está nos detalhes. Ambas produções são telefilmes, e carregam em si as limitações de obras feitas para serem digeridas por telespectadores, ou seja, certa obviedade e simplificação narrativa.

Ainda na segunda-feira, um lançamento nacional, ou melhor, paulistano, chamou atenção aqui. Foi “Sem Fio”, estreia do publicitário Tiaraju Aronovich num longa-metragem. Regado a violência gratuita e montagem picotada, filme tenta montar retrato de uma geração dos anos 1990. Foco entretanto é o da alienação e brutalidade visualmente imbecilizada com um viciado em cocaína, uma patricinha e seu namorado de luta livre clandestina, e duas gêmeas do Sul em São Paulo. “Sem Fio” é irritantemente mais imaturo, ignorante e perdido cinematograficamente que seus próprios personagens.

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