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Críticas

O Mistério de Sta Luzia

Doc investiga o potencial da sanfona

Por Luiz Joaquim | 27.11.2009 (sexta-feira)

O documentário “O Milagre de Santa Luzia” (Bra. 2009), de Sérgio Roizemblit, em cartaz na Sessão de Arte da UCI/Ribeiro (Recife), é um filme sobre a beleza do som produzido pela sanfona, ou acordeon. Mas, qual é o milagre de Santa Luzia nessa história? É que Roizemblit vincula a data do nascimento de Luiz Gonzaga – 13 de dezembro, que também é data de celebração à santa dos olhos – ao objeto de seu filme. Com essa referência já no título, o cineasta faz uma ode ao Pernambucano de Exú como a mais alta referência quando se fala nesse instrumento.

Mas quem serve de guia no filme, de Norte a Sul do País em busca das várias vertentes musicais possibilitadas pelo instrumento, é um outro pernambucano. O não menos respeitado Dominguinhos. O músico de Garanhuns ciceroneia a câmera que o segue em viagem iniciada no Nordeste tendo exatamente o legado de Gonzaga e o Baião como ritmo investigado.

Para toda estrutura de “O Milagre…” o cineasta buscou conversar, ou pôr Dominguinhos para conversar e tocar lado a lado de interpretes iconoclastas, cada um em seu gênero musical. A idéia é também fazer pensar a relação destes gêneros com a região de origem onde eles floresceram. Sendo assim, no Nordeste o lamento do retirante é ressaltado, já no Pantanal fala-se da natureza como referência maior. No Rio Grande do Sul, o gaúcho apega-se à tradição, e em São Paulo vê-se um misto da expressão caipira com o universo metropolitano, criando assim seu estilo próprio. Nessa caldeirão de ritmos levados por um mesmo instrumentos (e suas variações), aparecem em cena Arlindo dos 8 Baixos, Camarão, Genaro, Pinto do Acordeon, Joquinha Gonzaga, Elias Filho, Gabriel Levy, Toninho Ferraguti, Osvaldinho do Acordeon, entre outros, além do mestre maior, Sivuca.

Não se pode deixar de falar da presença sempre magnética de Patativa do Assaré, com seu limite na vista, declamando lindamente essa relação entre o nascimento de Gonzaga e a Santa dos olhos. São poucos, entretanto, estes momentos iluminados em “O Milagre…”. Entre eles está a emoção em lágrimas de Dominguinhos ao lembrar de sua infância sofrida e a relação com uma música de Gonzaga. De um modo geral, o trabalho parece levado no modo automático, resultando num documentário padronizado, no mau sentido. É sem pecado, mas também sem louvações. Não sofreria nenhum prejuízo se visto numa tv.

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