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Críticas

Encontro de Casais

Eles querem voltar a ser um casal

Por Luiz Joaquim | 24.12.2009 (quinta-feira)

O ator e roteirista Jon Favreau já foi mais inspirado quando o assunto era o amor, ou o que se derivava dele num filme. Como diretor, Favreau ganhou respeito ao, principalmente, capitanear os dois “Homem de Ferro”. Mas, voltando aos assuntos do coração, temos agora em cartaz “Encontro de Casais” (Couples Retreat, EUA, 2009), dirigido pelo iniciante na direção Peter Billingsley, cujo roteiro de Favreau, Vince Vaughn (estando os dois também atuando no elenco) mais Dana Fox um filme com problema de identidade assim como seus quatro casais de protagonistas que vão parar num resort para repensar a relação.

A multipla identidade do filme parece mesmo o reflexo de um trio de co-roteiristas próximos, mas que enxergam diferentes um mesmo tema. È claro que Dana Fox está aqui para fazer funcionar o referencial feminino para uma situação que divide homens de mulheres em dois times opostos; prática comum em 95% das comédias românticas norte-americanas.

Sobre os dois perfis próximos, mas distintos no tom, de Favreau e Vaughn, é só olhar para o histórico dos dois na filmografia, digamos, “amorosa” deles. Em seus projetos pessoais, enquanto Favreau sempre psicologizava seus personagens, incluindo aí uma curiosidade constante para melhor entender o universo feminino – vide os clássicos “Swingers: Curtindo a Noite” (1996) e “Amor aos Pedaços” (2000) – sempre tivemos um Vaughn como o grandalhão que adora mulher e se via inteligente demais sobre os outros homens (e também sobre as mulheres), até que se apaixonava por uma delas e esta o mostrava o quanto ele precisava aprender – vide “Swingers” e “Penetras Bom de Bico” (2005).

Esses dois mundos voltam a se unir aqui em “Encontro de Casais”, 13 anos após “Swingers”, mais sedimentados e agora sob a perspectiva de “homens maduros”, a frente de uma familia, ou tentando não sair dela. O enredo fala de quatro casais de amigos que vão passar uma temporada num resort tropical cinco estrelas. Uma espécie de paraíso tão inacreditavelmente lindo que parece um “papel de parede” para computador. Na verdade, o local é dividido na parte leste e oeste. Enquanto o primeiro serve para namoro e paquera livre e feliz, o segundo é um ponto de terapia para casais, dirigido pelo guro Marcel (Jean Reno).

Como apenas um dos casais – Jason e Cynthia (Jason Bateman e Kristen Bell) – está realmente interessado no tratamento, os outros casasis – Shane e Jennifer (Faizon Love e Tasha Smith), Dave e Ronnie (Vaughan e Malin Arkeman) e Joey e Lucy (Favreau e Kristin Dave, a Charlotte de Sexy & The City, como uma…. Charlotte casada) – ficam furiosos por ter de se submeter ao tal tratamento. Como a terapia é obrigatória, caso contrário eles precisam deixar o paraíso, todos terminam por rever seus relacionamentos. Se um percebe que não pode ser perfeito para o outro, o segundo para de se lamentar por sua limitação e passa a se aceitar melhor. Enquanto isso um terceiro casal resgara a paixão perdida há anos – uma paixão que vinha sendo redirecionada para fora do núcleo desse casal -, há também o casal mas “equilibrado”, que no jogo da verdade da terapia, percebem que não são tão equilibrados assim em seu altruísmo um com o outro.

“Encontro de Casais” poderia sim render um bom filme sobre essa difícil arte de adminstrar duas cabeças, quatro braços e quatro pernas, mas algumas piadas ali circunstâncias, ainda a partir de um ideário adolescentes de diversão e liberdade sexual, encurta a consistência do filme, assim como a estrutura aventuresca que amarra o roteiro. Uma sequência em que um dos maridos discute com a esposa numa canoa, lembra talvez o melhor filme já feito sobre o relacionamento de um casal no cinema: “Aurora”, de F. W. Murnau, em 1927. E a gente nem precisava rir aqui para gostar do filme.

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