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Festivais

14º Cine-PE (2010) – cobertura Mostra PE

Cine PE mostra sua seleção pernambucana

Por Luiz Joaquim | 25.04.2010 (domingo)

Para entender a identidade de determinado festival de cinema, não apenas o recorte da curadoria serve como pista. Pode ser instrutivo também observar a relação entre os filmes eleitos e o público. Nesse sentido, a noite de sábado da Mostra Pernambuco, do Cine PE, no Cinema São Luiz, determinou a caça por risos como parâmetro estético para avaliação.

Nesse caso, faz sentido que o curta “Aqui mora uma pessoa feliz”, de Jean Santos, tenha sido o filme mais aplaudido da noite. Não há ambiguidade nessa comédia non sense sobre garoto com estranha compulsão por invadir casas de senhoras solteiras para dançar de cueca. É filme que explora o prazer cinético do corpo seminu, opção bem vinda para a busca do público.

Outro riso forte, só que talvez intruso, foi o de “Matriuska”, de Pablo Pólo. Enquanto um casal encena algo que parece definir a insuficiência da palavra numa relação íntima, alternando tapas e beijos sem falar nada, espectadores dão gargalhadas. A possível leitura densa do que ocorre na tela parece proposta distante. Depois, o curta embarca em viagem literária irregular sobre a identidade feminina.

Outro filme que investiga relacionamentos é “Tchau e benção”, de Daniel Bandeira, que sugere implicar crise existencial com dor física. O filme, que troca expectativas de flores e bombons por escorregão no banheiro e choque entre testa e privada, narra as convulsões do corpo em desordem afetiva. Humor negro para falar do fim de namoro.

Já “Lula em cortes”, de Marcos Santos e “O mar de Lia”, Hanna Godoy, insinuam curiosidades típicas da cine biografia. Enquanto o curta que radiografa Lula Cortês acumula catálogo de frases conceituais para ilustrar a imagem artística de Lula, “O mar de Lia” parece interessado em investigar o silêncio por trás do mito. O filme nos apresenta dois momentos distintos de Lia de Itamaracá: cantado na beira mar e na banalidade de sua rotina como dona de casa. Quando ela entoa versos na varanda, enquanto chove, o curta exclui qualquer traço de didatismo, tão forte em “Lula em cortes”.

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