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Estou aqui

Câmera clara 197

Por Luiz Joaquim | 12.04.2010 (segunda-feira)

Vi na manhã de sexta-feira (9.4.2010), pelo monitor do computador, o curta-metragem I’m here (EUA, 2010), que vem a ser o mais novo trabalho de Spike Jonze – cuja obra anterior, o longa-metragem Onde vivem os monstros, exibiu recentemente nos cinemas. Não se trata de uma postagem no Youtube, ou no Vimeo ou qualquer outro site depositário de filme alheio. I’m here (em inglês, “Estou aqui”) tem um site próprio (http://www.imheremovie.com). A obra não é um vídeo feito de brincadeira por Jonze, mas um trabalho realizado de encomenda pela vodka Absolut. Nem por isso I’m here soa como uma publicidade. Pelo contrário, o talento de Jonze nos dá uma obra completa em si, universal e anos-luz a frente de muitos curtas-metragens comuns que se vendem como “autorais”. Não há também, o que se pode chamá-lo de uma produção pequena, preguiçosa ou subestimando o formato. I’m here é uma obra completamente profissional. Jonze escreveu e dirigiu, Andrew Garfield e Sienna Guilory atuam, a trilha sonora traz Sam Spiegel e tem até uma canção original criada pela performer musical de Los Angeles, Aska Matsumiya. Todo o aspecto lembra uma muito profissional produção hollywoodiana. O que chama atenção aqui em todo esse processo é o fácil e livre acesso ao filme. Disponível na web há um mês, o filme pode ser visto por quem desejar, sem nenhum custo, desde que tenha 18 anos – apesar de não conter nenhum palavrão, cena que insinue sexo ou violência. Violento mesmo só um extremo amor que uma máquina sente por outra. A lógica de exibição de I’m here, nos mostra como ainda estamos viciados numa cultura velha de produzir um curta-metragem e fazê-lo correr o mundo pelos festivais, arrecadar seus prêmios e sair arrotando essa pequena glória como título de grandeza. Muitos realizadores precisam dessa pequena grandeza. Pequena, diga-se, uma vez que certos jurados oficiais não sugerem grandiosidade. I’m here custou muito dinheiro, mas é oferecido gratuitamente, e não precisa de nenhum troféu para ser reconhecido como bom filme. O que há de bom, não está fora dele; não é um prêmio ou uma boa crítica, mas o filme em si. A isso, credita-se o talento de Jonze e a iniciativa (mesmo sendo propagandista) de seu patrocinador. À propósito, I’m here apresenta Sheldon. Sheldon é um robô tímido. E ele está apaixonado. É imperativo, ao ver o filme, evitar comparações com Blade runner: O Caçador de andróides, de Ridley Scott, Wall-E, de Andrew Stanton e Eletrodoméstica, de Kleber Mendonça Filho. “I’m Here” tem sua lógica particular e uma beleza própria. Se conseguir evitar as comparações fáceis, você irá perceber mais poesia que o obvio nos dá de imediato. Agora, ligue seu computardor.

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Se alguém duvidava de seu apelo com o público, a bilheteria do primeiro fim de semana de “Chico Xavier: O Filme” já esclareceu: Foram 583 mil ingressos vendidos em apenas três dias (exibe em 388 salas). É um recorde, tornou-se a maior abertura de um filme nacional dos últimos 20 anos.

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O tradicional Grupo Severiano Ribeiro inaugura em breve dois novos multiplex. Um no Rio de Janeiro (cinco salas no West Shopping, em Campo Grande) e outro em São Paulo (sete salas na Vila Olimpia).

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