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Críticas

Thor

As batalhas de um herói invencível

Por Luiz Joaquim | 29.04.2011 (sexta-feira)

A combinação entre cinema e histórias em quadrinhos é uma das obsessões mais ou menos recentes da indústria norte-americana, especialmente após a boa recepção de “Homem Aranha” (2002) e da nova franquia “Batman”. Além de êxitos financeiros, esses filmes também atingem uma meta abstrata de realização fantástica, com o uso de efeitos digitais para recriar no audiovisual o universo de cada HQ, tendo como suporte seguro orçamentos cada vez maiores e avanços da tecnologia 3D – além de recuperar a memória de fãs que cresceram lendo essas HQs.

O novo filme a narrar a história de homens que fazem coisas que só habitam o imaginário das pessoas é “Thor” (EUA, 2011), dirigido por Kenneth Branagh, que fala sobre o herói alto, loiro, de olhos azuis e que, se não bastasse a super força, a capacidade de voar e um grande ego narcisista, tem também um martelo chamado Mjolnir, que basicamente faz com que ele vença qualquer batalha.

As primeiras cenas do filme mostram Thor derrotando facilmente centenas de inimigos e um animal bestial gigante em território hostil, e a combinação entre projeção 3D e enquadramentos precisos enfatiza detalhes da batalha, ressaltando a natureza original da narrativa sequencial da HQ. Esse ato de rebeldia de Thor gera a revolta de seu pai, Odin, que depois de tantos anos no posto de rei enxerga o convívio pacífico como melhor caminho. Como punição, Odin tira todos os poderes de Thor, o expulsa de Asgard e manda ele para um dos nove reinos, a Terra.

Isso divide o filme em dois focos narrativos: as tramas políticas em Asgard, com reviravoltas, traições e a iminência de guerra contra o reino dos gigantes de gelo, e o envolvimento de Thor com os humanos, o que naturalmente gera momentos pautados pela estranheza e pelo humor na relação entre o homem contemporâneo e um exemplar de outro planeta não habituado aos efeitos do álcool e da sedução feminina. Ele conhece e meio que se apaixona por Jane (Natalie Portman), uma cientista que flagra o instante em que Thor é lançado de Asgard para a Terra.

Parte recente dos filmes baseados em HQs tem um interesse um tanto realista, de explicar o motivo de cada super poder e enfatizar o lado humano dos heróis a partir das batalhas. “Thor” se afasta um pouco desse conceito por apresentar um protagonista aparentemente invencível, cuja batalha instável é no setor familiar e também consigo mesmo. Há um pouco de tragédia shakespeariana e motivações existenciais no desenvolvimento do filme, algo discreto e que não dura muito, sendo a segunda metade cuidadosamente envolvida nas resoluções tradicionais do gênero super herói – a divisão clara entre bem e mal, a luta final, a falsa morte, a estabilidade esperançosa do fim ainda aberto, além do tédio previsível da obrigação de cenas com explosões.

O filme é também mais um exemplar feito para preparar terreno e antecipar a mega produção do ano que vem baseada nos heróis da Marvel, “Vingadores”, que vai unir numa única narrativa as histórias de, entre outros, Homem de Ferro, Thor e Capitão América, cujo filme estreia no segundo semestre deste ano.

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