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Festivais

15o Cine-PE (2011) noite 6

Uma pornochanchada sem o pornô

Por Luiz Joaquim | 07.05.2011 (sábado)

Na noite de quinta-feira, o Cine-PE: Festival do Audiovisual viveu mais uma situação inédita em seus 15 anos de existência: teve o mais longo programa de projeção, sem intervalos, de sua história. Para quem queria ver todos os filmes, a maratona não foi fácil de acompanhar pois, tendo iniciado às 19h30, encerrou mais de cinco horas após a projeção de dois curtas-metragens, mais um longa, mais um curta, mais um longa, mais três curtas. Os três últimos, “Acercadacana”, de Felipe Calheiros, “O Céu no Andar de Baixo”, Leonardo Cata Preta, e “Mens Sana In Corpore Sano”, de Juliano Dornelles, foram os mais prejudicados, sendo exibido após meia-noite para um público já reduzido e bastante cansado.

A grade extensa aconteceu em função da mudança da projeção do longa “Estamos Juntos”, de Toni Venturi, da quarta-feira para quinta-feira. A exibição no mesmo dia, do filme de Venturi com o último longa concorrente do festival, “Casamento Brasileiro”, de Fauzi Mansur, só deixou mais evidente um já conhecido decompasso estético, discursivos e com o tipo de compromisso que as obras têm com a linguagem do cinema dentre os longas da seleção competitiva. Ambos são tão distintos que seria inadmissível compará-los, apesar de o Cine-PE surgerir esse trabalho colocando-os como concorrentes. A diferença entre eles não se resume a questões de ‘melhor’ ou ‘pior’ no quesito técnico ou de construção dramatúrgica, pois cada um pertence a um universo criativo e produtivo de naturezas diferentes na produção nacional, mesmo sendo os dois duas obras de ficção.

Enquanto Venturi encena uma situação realista, com drama envolvente, personagens críveis numa narrativa fluente e com algumas belas composições de imagem e performances (Leandra Leal ótima!), Mansur não teve nenhum pudor em seguir a estética da cartilha de filmar de 35 anos atrás, auge da Pornochanchada (na qual ela era diretor atuante) para contar uma longa piada amarrada pelo romance impossível de um casamenteiro (Nelson Freitas) com sua amada (Nível Stealman).

Com uma empostada narração em off sobre 70% do filme, reforçando o que a imagem já mostrava na tela, diversas pantomimas, além de onomatopéias do tipo “Tuuimm!”, “Fiiiuu…”, ou “pôôing!” para sonorizar uma pancada, um acidente ou empurrão, etc., “Casamento…” parece não pertencer ao atual espaço da produção brasileira (mas parece acomodar-se confortavelmente dentro do Cine-PE). Entetanto, mais uma vez, não nos parece o caso de crucificar o filme de Mansur, e sim sua circunstância de programação.

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