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Críticas

Em um Mundo Melhor

Filme venceu o Oscar estrangeiro 2011

Por Luiz Joaquim | 02.06.2011 (quinta-feira)

A Sessão de Arte da UCI/Kinoplex – hoje (2-jun) exibindo às 20h30 no complexo do Severiano Ribeiro, o do Shopping Boa Vista – abre um leque largo para reflexões sobre o crescente estado de tensão entre as pessoas. Não apenas sugere a reflexão, mas alcança também uma preciosidade pela linguagem cinematográfica, que é colocar o espectador no mesmo nível de excitação que os seus protagonistas. Mas não, vale salientear, pelo jogo baixo, com o apelo de fórmula consagradas de causa e efeito tão bem manipulada nos filmes de ação de Hollywood. O nome do filme é “Em um Mundo Melhor” (Haevnen, Dinamarca, 2010), de Susanne Bier.

Esta Bier é a mesma citada pejorativamente por Lar Von Trier (cuja produtora Zentropa realizou “Em um Mundo Melhor”) há três semanas numa entrevista no Festival de Cannes. E esta Bier é também a mesma que suspendeu a estatueta do Oscar de melhor filme estrangeiro – por este trabalho – há três meses.

Apesar do título brasileiro, “Em Mundo Melhor” (o original é ‘Paraíso’) mostra um mundo cada vez mais intolerante, e busca, através de analogias, chamar a atenção não apenas da intolerância e seus desdobramentos, mas para as origens dessa intolerância, e para a tentativa de solução para isso (além de todos os seus derivados: violência, guerras, homicídio, suicídio….). Dentro dessa atmosfera, o mais importante elemento é a formação infantil. Está a criança, que é, no final das contas, um esponja que a tudo assimila e, na confusão de sua formação como ser social, pode transformar inquietação, incompreensão e tristeza pessoal em revolta e violência.

O enredo nos coloca em dois mundos distintos. Um em algum lugar miserável na África, onde homens rasgam a barriga de mulheres grávidas para conferir o resultado de apostas que fazem sobre qual o sexo dos bebês, e outra na civilizada Dinamarca. No país nórdico, o tímido garoto Elias (Markus Rygaard) sofre bullying, até a chegada de novato Christian (William Johnk Nielsen), vindo de Londres onde a mãe morreu recentemente de cancêr.

Com extrema hostilidade, Chris acaba salvando Elias de seu agressor, mas faz do novo amigo um aliado para extravasar sua raiva contra tudo e todos. Beirando a marginalidade, os dois fazem tudo escondido dos pais. No caso, o médico Anton (Mikael Persbrand), pai de Elias, está bastante ausente por ser um voluntário da saúde no país africano citado acima. E é Anton quem vai catalisar a raiva de Chris e a desorientação de Elias, não pela força ou pela ordem de comando, mas pelo exemplo. Seu exemplo é o do diálogo e da paciência e tolerância. Elementos que formariam o paraíso do título original, mas difícil de conseguir nesse mundo cão em que vivemos.

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