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Críticas

Missão Impossível: Protocolo Fantasma

Ele pula, nada e voa

Por Luiz Joaquim | 21.12.2011 (quarta-feira)

Estreia no Brasil “Missão Impossível: Protocolo Fantasma” (Mission Impossíble: Ghost Protocol, EUA, 2011). Há 15 anos, quando a então já estrela hollywoodiana Tom Cruise tinha 35 anos, surgiu um trabalho seu, pessoal (com direção de Brian De Palma), que resgatava uma série de sucesso na TV dos anos 1960/70: “Missão Impossível”. E mesmo que o herói aqui, o mirabolante agente da fictícia IMF (Impossible Mission Force), Ethan Hunt, não fosse tão conhecida pelos jovens dos anos 1990, tinha ao menos uma trilha sonora marcante, composta pelo argentino Lalo Schifrin. A melodia foi reverberada por gerações, assobiada até hoje jocosamente quando alguém sabe que tem um trabalho difícil a encarar.

Cruise achou, ou pensa que achou, uma mina de ouro ao interpretar o agente Ethan Hunt. Este “Protocolo Fantasma” é a quarta edição da franquia produzida pessoalmente pelo galã cujo episódio anterior já data de 2006. Não é à toa que Cruise retorna a sua mina de ouro cinco anos depois. Hoje, aos 50, sua carreira parece não ter encontrado um perfil definido e vinha caminhando cambaleante.

Nestes últimos cinco anos, os diversos personagens que assumiu nos mais distintos filmes serviram (com raras excessões) mais para dissolver uma identidade firme em Hollywood, ao invés de reforçar seu talento como ator versátil. Firmou-se, então, a imagem do galã. Mas galã que parece não ter se adaptado à idade que chega.

No próprio “Missão Impossível 3”, Cruise procurou adequar a imagem de Ethan a sua própria, casando também seu personagem. No filme, a esposa acreditava que o agente era um controlador de tráfego. E Ethan queria se mostrar o homem maduro que a idade pedia, assim como Cruise.

Se a ideia de maturidade paquerava a série no último epísodio, há cinco anos, essa mesma ideia foi relegada em 2011. Sob direção de Brad Bird (de “Os Incríveis” e “Ratatouille”), MI-4 peca por não ter um bom ator como vilão a altura do anterior (Philip Seymour Hoffman), mas tenta injetar graça com o ótimo ator inglês Simon Pegg (que explodiu com o sucesso do bom “Um Louco Apaixonado”, 2008).

MI-4 apresenta também a beldade Paula Patton (de “Preciosa”) e Jeremy Renner (de “Thor”). Na nova aventura, Ethan conta unicamente com esse trio, uma vez que a IMF foi desativada em função de um operação fracassada quando Ethan, resgatado de uma prisão em Budapeste, tentava entrar no Kremlin e é vítima de um incidente internacional.

Para limpar seu nome, o espião tem de trabalhar sem recursos ou apoio da agência que não existe mais. Sua missão é nada mais que salvar o mundo de um crise um tanto velha, é verdade. Apesar de estamos na segunda década do século 21, o problema aqui, acreditem, é que um vilão russo pode conseguir códigos que detonarão uma bomba atômica nos EUA (!!). Se tivessem lido mais noticiários atuais, talvez o roteiro de Josh Appelbaum e André Nemec pudessem sintonizar sua trama tendo como pais antagonista a Coréia do Norte, que acaba de perder seu ditador King Jon Il e deixa o Japão e a China em alerta por conta de seu poderio atômico.

Mas pedir coerência na série MI é pedir o impossível. Na verdade, antes de entrar na sala para ver Cruise correndo, pulando, nadando, voando, é preciso refletir sobre o que você quer encontrar na sala. Se quiser ação acéfala descartável, então acelere como Cruise faz nos diversos BMWs que pilota no filme.

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CRONOLOGIA DO IMPOSSÍVEL
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Em 1966 estreou a série “Missão Impossível”, que durou sete temporadas, totalizando 172 episódios. O agente Ethan Hunt era vivido pelo ator Peter Graves.

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Em 1988 a série resnaceu com o mesmo ator original, mas durou apenas duas temporadas

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Em 1996 Brian De Palma é convidado a dirigir a versão cinematográfica da série, agora protagonizada por Tom Cruise. Sua missão era provar, sem a ajuda de sua organização, que não é desleal como o acusam, e expor o verdadeiro espião.

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Em 2000 John Woo conduz a aventura na qual Hunt é convocado a encontrar e destruir uma arma geneticamente maligna chamada “Chimera”.

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Em 2006 J.J. Abams (produtor de “MI-4”) dirigiu o filme e o grande destaque estava com o vilão vivido por Philip Seymour Hoffman. Ethan Hunt também se casava, assim como Cruise (com Kate Holmes, e pai recente de um bebê com a atriz).

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