Não é sempre que temos disponível nas nossas salas de cinema uma cinematografia latinoamericana para além daquela que vem da Argentina ou do Mexico. Assim sendo, é ótima a oportunidade que o Consulado Geral da República Bolivariana da Venezuela, junto ao Cine São Luiz, nos oferece de hoje até sábado. Sempre às 19h, e com entrada franca, acontece o 3º Festival de Filmes Venezuealanos que nos coloca em sintonia com a nova produção cinematográfica daquele país, comemorando 201 anos de independência.

No ano passado, também no São Luiz, a mostra trouxe quatro obras e contou ainda com a presença de uma de suas cineastas mais célebres, Mariana Rondón. A amostragem de 2011 nos ofereceu uma dimensão temátia, estética e comercial da recente produção feita por lá. Os três filmes que aportam por aqui este ano – com exibição no formato digital – também seguem esta proposta.

Abrindo hoje o evento, “Dias de Poder” (2011), de Román Chalbaud, resgata um momento importante da trajetória política de Caracas nos anos 1960 e vê seus efeitos. Reconhecido como um dos mais prolíferos realizadores da Venezuela, Chalbaud conta aqui a historia de Fernando Quintero (Gustavo Camacho), líder revolucionário que, após a queda da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, chega ao poder, traindo e deixando para trás seus ideais para se transformar num cúmplice da repressão contra a qual lutou. “Dias de Poder” foi premiado como melhor filme nacional no Festival de Cinema Latino Americano e Caribenho, que acontece na Ilha de Margarita, na Venezuela.

A grande estrela da mostra, “Hermano” (2010), primeiro longa-metragem de Marcel Rasquin, exibe amanhã. Mesmo com o futebol não sendo o esporte mais popular na Venezuela, ele é o foco do fime de Rasquin, e o sucesso da obra se deve em função de sua coerência, fluidez e contemporaneidade sem maquiagens sobre a realidade latinoamericana.

Fala de dois jovens criados como irmãos. Daniel (Fernando Moreno) é um talentoso atacante e Julio (Eliú Armas) é o capitão de um time de futebol da favelz La Ceniza, na periferia de Caracas. Daniel deseja se tornar um famoso jogador profissional. Julio, por sua vez, não tem tempo para sonhar e tem que ajudar a manter a família com dinheiro sujo. A oportunidade de sair da pobreza chega quando um caça-talentos convida os irmãos para tentar a sorte no maior time da cidade, o Caracas Football Club. Só que uma tragédia abala a vida dos dois e eles devem decidir o que é mais importante: a família, uma vingança ou o sonho.

A mostra encerra sábado com “Muerte en Alto Contraste” (2010), de Cesar Bolivar, que conta a história de um policial (Erich Wildpret) que faz justiça por conta própria para vingar a morte dos pais ocorrido ainda na sua infância. Bolivar é o autor de alguns dos filmes de maior sucesso na Venezuela, desde os anos 1980, e “Alto Constraste” foi marcado como seu grande retorno. É um filme de gênero, policial, muito bem estruturado. A produção é irretocável, com personagens bem desenvolvidos e boa atuações. Desde o protagonismo até os coadjuvantes, os papeis foram interpretados pelos melhores atores da cena venezuelana. Mais que uma curiosidade, é um bom filme.

SERVIÇO:
3º Festival de Filmes Venezuelanos em Pernambuco
De hoje a sábado, sempre às 19h
Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista)
Entrada franca
Informações: (81) 3184-3157