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Entrevistas

47ª MostraSP (’23) Entrevista: Renata de Almeida

Mostra de SP: um jovial quarentão

Por Luiz Joaquim | 19.10.2023 (quinta-feira)

– na foto acima, de Natali Hernandes (Agencia Foto), a diretora da Mostra de SP, Renata de Almeida.

Quando, ontem (18) à noite, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Renata de Almeida, abriu oficialmente o evento ao lado do apresentador Serginho Groisman, estava dando partida à anual maratona cinematográfica corrida por dezenas de milhares de cinéfilos de todo o país, que têm em outubro o mês mais querido do ano.

Nesta sua 47ª edição, a Mostra de SP programa, até 1º de novembro, 362 filmes de 96 países por 26 telas de cinema espalhadas na capital paulista.

O filme exibido na noite de abertura – Anatomia de uma queda (Palma de Ouro em Cannes) já anunciou a qualidade do que está por vir ao longo dessas duas intensas semanas que incluem uma retrospectiva com 23 filmes de Michelangelo Antonioni, exibição de clássicos restaurados, lançamento de livros, o ‘Encontro de Ideias Audiovisuais’ (dedicado ao mercado), exibições online gratuitas pelas plataformas ItauCultural Play, Sesc Digital e Spcine Play, além de uma inédita itinerância em Manaus, entre outras ações.

Os números superlativos e a abrangência da Mostra de SP não deixam dúvida sobre o tanto de dedicação que há por trás da produção do evento. Em entrevista por telefone ao CinemaEscrito, Renata de Almeida revela que “na verdade, trabalhamos o ano inteiro na Mostra e a partir de agosto as coisas ficam realmente intensas e com essa intensidade não temos mais final de semana, feriado nem descanso”.

Ainda que a Mostra goze de um prestígio de quase meia-década, os recursos para sua produção precisam ser conquistados ano a ano. “Quando temos garantias desses recursos com mais antecedência, fica mais fácil planejar. Do Spcine (prefeitura de São Paulo), por exemplo, temos garantido R$ 600 mil, mas são valores que entram em parcelas. Nos ajuda, mas temos de correr atrás do complemento. Quando a gente tem segurança de que o recurso vai entrar cedo, podemos bolar coisas como reunir uma orquestra com 80 músicos para tocarem ao vivo na exibição de um silencioso. Para o ano que vem, sabemos que vamos poder contar com a Petrobras, o que já nos ajuda quando formos pensar na nossa edição 2024”, conta.

Renata: “Recursos garantidos para poder planejar melhor”. Crédito: Mario Miranda Filho/Agência Foto

Trazer a retrospectiva de Antonioni, por exemplo, só foi possível porque Renata começou uma articulação ainda em 2022. “O clique que me despertou para a retrospectiva foi saber que um inédito roteiro de Antonioni, chamado Tecnicamente doce, será filmado por uma produção ítalo-brasileira dirigida por André Sturm, cujo pai trabalhou com Antonioni. Foi quando propus ao André fazermos a leitura do roteiro com o seu elenco dentro da Mostra, com uma retrospectiva”.

A produção do filme será da Gullane Entretenimento com a empresa de Enrica Antonioni, que está no evento integrando o júri ao lado de nomes como Emir Kusturica, também homenageado ao lado de Júlio Bressane. De Kusturica, a Mostra este ano resgata sua Palma de Ouro em 1995, o delicioso Underground: Mentiras de guerra.

A propósito do resgate de obras antigas, um dos orgulhos de Renata é ver que a Mostra continua um evento atual, cujo frescor conquista uma enorme fatia de jovens. “Numa enquete com a nova equipe da produção, com gente muito jovem, soubemos que ninguém nunca tinha visto Underground. Hoje séries fazem muito sucesso entre esses jovens, mas muitos não sabem que boas séries têm como fonte o cinema. E esse cinema precisa ser revisto”.

Perguntada sobre que títulos deram um prazer especial ao conseguir fechar o acordo para exibir nesta 47ª edição, Renata responde que é difícil dizer, e até deixa escapar o nome de alguns medalhões como No adamant (Urso de Ouro em Berlim), de Nicolas Philibert, e A besta, do Bertrand Bonello. Mas, como uma boa mãe, que não revela o filho preferido, ela lembra que o bom mesmo é descobrir os filmes, sejam quais forem. “Cada um deles tem o seu lugar de destaque”, encerrou sorrindo.

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