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Festivais

Cléber Eduardo despede-se de Tiradentes

Cléber Eduardo comenta sobre a decisão de deixar a curadoria da Mostra de Tiradentes

Por Luiz Joaquim | 29.01.2019 (terça-feira)

Na foto acima, de Beto Staino, o jornalista, crítico, realizador e professor Cleber Eduardo durante seminário Perspectivas das curadorias, na 22ª Mostra de Tiradentes. 

Para alguns jornalistas mais próximos, a informação de que o jornalista, crítico, realizador e professor Cléber Eduardo deixaria seu posto na curador e coordenação de curadoria da Mostra de Cinema de Tiradentes não era novidade, mas na quarta-feira (23) da semana passada, ainda transcorrendo a 22ª edição, este profissional que foi fundamental na construção do perfil (vitorioso) da Mostra como a conhecemos hoje publicou numa rede social algumas palavras sobre a sua decisão.

Com a autorização de seu autor, compartilhamos o texto de Cléber por entendê-lo como um dado histórico dentro de todo o processo da Mostra. Foram, afinal, 12 (mais do que a metade) de edições com as quais Cléber esteve conceitualmente envolvido e por elas respondia. É um tempo significativo, principalmente se considerarmos os passos do cinema contemporâneo brasileiro neste período, incluindo aí todos os novos nomes que tiveram em Tiradentes sua primeira grande vitrine pública e midiática.

Leia.

Por Cléber Eduardo, 23 de janeiro de 2019

“Essa é minha última Mostra de Tiradentes na curadoria. Decisão de algum tempo, tomada algumas razões atrás, mas só oficializada agora, após uma tentativa de transição sem abalos e fissuras, que me levou a uma atuação mais recuada e sem decisões sobre curtas e longas, mais concentrada na proposta conceitual dos Corpos Adiante.

As razões são muitas, algumas óbvias e objetivas (tempo demais), outras pessoais (quero janeiro para ficar com a família aumentada), outras profissionais (desgaste com o processo), outras metafísicas (é preciso encerrar os ciclos) e outras escorpianas (fascínio por começar de novo e do zero alguma coisa).

Essas 12 edições entraram em mim tanto quanto eu entrei nelas, sinto um orgulho auto crítico pelo trabalho, reconheço os problemas e deslizes estratégicos, assim como admito uma mudança boa derivada do processo. Deixa lembranças fortes, mas espero que não deixe saudade. É preciso seguir, eu e a Mostra. Esse ano é de despedida.

Por aqui começaram alguns bons filmes e bons valores, O pessoal da Alumbramento e da Filmes de Plástico, Bruno Safadi, Ivo Lopes Araújo, Afonso Uchôa, Adirley Queirós, Maria Clara Escobar, Marina Meliande, Felipe Bragança, Juliana Antunes, Lincoln Pericles, Thiago Mendonça, Tiago Mata Machado, Taciano Valério……Isso na direção. …….

Sobre o futuro de Tiradentes, é algo que não me pertence. Já me preocupei com isso, mas me desapeguei dessa preocupação.

Para dissipar poeiras já levantadas, não saio daqui para outro festival, mas para tentar desenvolver coisas mais pessoais,como o Imersão Doc, realizado pela primeira vez ano passado, e quem sabe voltar a escrever, algo represado nos anos de curadoria.

Sigamos com os corpos porque o adiante é ali na esquina.

Obrigado a todas as pessoas que estiveram ao lado e por perto, especialmente a quem trabalhou mais perto de mim,como Eduardo Valente no início, Francis maior parte do tempo e Lila nos últimos três anos.

Que quem chegue ou chegou faça sem medo de não atender, sem receio de destoar e sem pânico de de confrontar os olhares. São votos apenas.

Que algumas relações aqui criadas ou expandidas se firmem em outras circunstâncias. 
Sigamos….”

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