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Livro: “Roupa de Cinema”

Ana Cecília Drumond visita a recente história do figurino do cinema de PE e nos presenteia com belo livro

Por Luiz Joaquim | 09.05.2021 (domingo)

Sabemos todos que filmes são frutos de um trabalho coletivo e sabemos também que muito dos talentos dos bastidores não emergem aos refletores da grande mídia. Mas eles estão lá, seguindo discreta e essencialmente para que o todo funcione. E, no celebrado cinema feito em Pernambuco, são tantos os talentos discretos…

Ana Cecília Drumond – crédito Isabela Cunha

Um deles chama-se Ana Cecília Drummond e no próximo sábado (15) aquilo que interessa à figurinista torna-se um pouco mais acessível por meio do lançamento de seu livro Roupa de cinema: o design de figurino no audiovisual pernambucano. A partir daquela data, o livro estará disponível para download gratuito, em formato de e-book, no site da editora Vacatussa

Com a experiência de participar de forma ativa do cinema pernambucano, Cecília assumiu o desafio de  pensar o audiovisual pela perspectiva do figurino e o projeto do livro chega agora ao mundo viabilizado por meio da Lei Aldir Blanc,  

Roupa de cinema é estruturado em duas partes: a primeira, mais prática, traz  depoimentos de profissionais do figurino. E a segunda, mais teórica, com a  reunião de três artigos assinados por pesquisadores do assunto. Os  depoimentos foram colhidos por meio de entrevistas realizadas em fevereiro  deste ano, por Ana Cecília e Julio Cavani, com dez dos principais figurinistas do  cinema pernambucano. 

Na lista, há desde profissionais do início da retomada do cinema local,  como Beto Normal, Andrea Monteiro e Paulo Ricardo; a figurinistas em início  de carreira, a exemplo de Babi Jácome e Libra. Completam o time as  figurinistas Rita Azevedo, Chris Garrido, Sosha, Maria Esther de Albuquerque  e Joana Gatis. Nos depoimentos, eles falam do começo de suas trajetórias, suas  formações, processos criativos, métodos de trabalho, o papel do figurino na  construção narrativa e as soluções encontradas em meio às dificuldades para  se adequar aos limites de tempo e orçamento. 

“Cinema, Aspirinas e Urubus”, Jovelina – crédito da foto Gil Vicente e Carnaval Filmes, croqui Beto Normal

Pela perspectiva do figurino, o livro Roupa de cinema monta um amplo  panorama do cinema pernambucano realizado nas últimas três décadas, com  referência a um total de 59 produções audiovisuais feitas no estado. Das quais  35 são analisadas de forma mais aprofundada pelos figurinistas, revelando  conceitos e detalhes de bastidores, a exemplos de obras premiadas como  Bacurau, Tatuagem, Amarelo manga e Cinema, aspirinas e urubus. Relatos que  são fartamente documentados na edição, acompanhados de imagens dos  filmes, fotografias dos sets de filmagem, croquis e provas de figurino. 

Prova de figurino de Lunga – crédito Acervo Rita Azevedo

Um registro histórico que envolve desde curtas dos anos 1990 a longas-metragens ainda inéditos, em fase de finalização. O recorte permite  tanto um olhar sobre transformação do cinema pernambucano, com o acesso  a mais recursos através de editais de incentivo, como as conquistas do  departamento de figurino e amadurecimento desses profissionais. E, não  menos importante, é observar outro aspecto histórico abordado no livro: a  preocupação dos figurinistas em pensar trajes de cena para construir um cinema mais representativo, como forma de quebrar preconceitos e respeitar  a diversidade, seja de ordem racial, sexual, regional ou econômica. 

A segunda parte do livro é composta por três artigos que tratam sobre  o papel do figurino na produção local e contribuem para se pensar no  contexto a importância do figurino na produção audiovisual. O artigo da  pesquisadora e diretora de arte Iomana Rocha dialoga com o conceito de  “brodagem” para explicar a formação e as peculiaridades do modus operandi do figurino no cinema pernambucano. Já o figurinista e pesquisador Álamo  Bandeira apresenta um guia, explicando termos, setores de um set de  filmagem, funções e etapas do trabalho do figurino. E, por fim, o realizador e  professor universitário André Antônio analisa o traje de cena dentro de uma  perspectiva queer, fazendo relações entre a obra de realizadores como  Kenneth Anger e Teo Hernandez, com a do pernambucano Sosha. 

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