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Críticas

Chega de Saudade

Segunda longa de Bodansky olha com carinho para a terceira idade

Por Luiz Joaquim | 09.05.2008 (sexta-feira)

Domingo, no palco do então Cineteatro Guararapes, durante a apresentação do filme “Chega de Saudade” (Brasil, 2008) para o encerramento do 12º Cine-PE, a equipe da produção pedia aos jovens na platéia: “mesmo que não achem o filme tão legal, levem seus pais aos cinemas, que eles precisam voltar a freqüentar as salas”. Filme entra amanhã em cartaz na cidade.

A convicção da frase é fundamentada por dois aspectos certeiros. Um que é mercadológico, suscitando os dados que apontam um público essencialmente juvenil como grande freqüentador dos complexos de cinema; e o outro vem pelo vetor temático deste novo longa-metragem de Laiz Bodansky, a mesma diretora que caiu nas graças da crítica e do público brasileiro há seis anos com “Bicho de Sete Cabeças”.

Este vetor está direcionado exatamente para o modo de vida dos idosos. Uma população que forma um maciço segmento bastante relevado (ou mal representado nas telas) pelo cinema nacional recente. Em “Chega de Saudade” são eles que brilham, sem benevolência ou condescendência.

Durante 92 minutos de projeção, eles estão a rodopiar num salão de dança paulista, alegrando e alegrados por um baile da terceira idade que, pela proposta de Bodansky, quer apresentar um universo de emoções não menos fortes daquele que nos habituamos a ver apenas em filmes de elenco juvenil. Seja com o mote pela promessa do amor verdadeiro, seja pelo sexo proibido, pela paquera, pela traição, pelo ciúmes ou rejeição. Tudo num período de um baile.

“Chega de Saudades” tem todos esses ingredientes, levado por um elenco de respeito que, além de Leonardo Villar, Betty Faria, Stepan Nercessian e Cássia Kiss, ainda nós dá a graça de oferecer o talento de Jorge Loredo (mais conhecido como ‘Zé Bonitinho’) e a diva Tônia Carrero, longe dos cinemas há longos 17 anos.

Há ainda a rica embalagem sonora, com 17 músicas. Ao mesmo tempo que temos o DJ vivido por Paulo Vilhena anima o salão com o som mecânico – com repertório que vai do samba “Disrtimia” do Martinho da Vila, até “Sonata ao Luar”, de Beethoven, passando pelo frevo “Batutas de São José” – temos também a apresentação de Marku Ribas e Elza Soares, que a cada aparição surge melhor.

Vilhena é um lado do par jovem que faz com Maria Flor no filme. Seus personagens são namorados, e ela está no baile contra a vontade, até perceber que há (muita) vida ali. O roteiro de Bodansky e Luiz Bolognesi deram a ela os olhos do espectador preconceituoso, e como seu personagem, a idéia é fazer esse preconceito sumir.

Parabéns à produção de “Chega de Saudade”, que conseguiu imprimir no filme a simpatia própria dos idosos de bem com a vida. Mas há uma ‘desaceleração’ no ritmo muito bem imposta na primeira metade do longa que compromete sua segunda parte. Não é nada, entretanto, que abale seu ótimo roteiro, apenas com a ressalva de que o filme poderia ter terminado antes.

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