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Críticas

O Banheiro do Papa

Com a benção dos céus

Por Luiz Joaquim | 02.05.2008 (sexta-feira)

O uruguaio César Charlone é famoso pelos serviços prestados à cinematografia brasileira como o excelente fotógrafo que é. Foi responsável, entre tantos, pela imagens de “Cidade de Deus” e “Blindness”. Ano passado, entretanto, o longa-metragem de ficção que dirigiu ao lado de Enrique Fernández, “O Banheiro do Papa” (El Baño del Papa, Uru., 2007), não só conquistou a simpatia do público na última Mostra de São Paulo (em outubro), como levou o prêmio do Júri Internacional. Antes, em agosto, já fizera história em Gramado levando quatro Kikitos: do público, melhor filme latino, melhor roteiro, atriz, Virgina Mendézator, e ator, César Troncoso. Troncoso, a propósito, também está em cartaz no Cinema da Fundação (Recife), no argentino “XXY”.

O “Papa” pode ser visto hoje no Recife às 19h10 na Sessão de Arte da UCI/Ribeiro do Tacaruna (Recife). Seu sucesso, não carrega, curiosamente, todo o peso na fotografia. É uma rara congregação de uma boa administração técnica, com bons atores, sob as limitações de escassos recursos ou verbas.

Charlone e Fernandéz abordam um tema pouco (ou mal) explorado pela cinematografia latinoamericana, que é a religiosidade com seu poder de transformação social e econômica. É uma obra filmada com carinho depositado em cada fotograma.

A história basea-se num fato real, a visita nos anos 1980 do Papa João Paulo II a Melo, vilarejo uruguaio que faz fronteira com o Brasil. Ali, o muito, muito pobre Beto (Troncoso) trabalha como muambeiro ilegal levando mercadorias para o povoado. Inflamado pela mídia, a comunidade espera que 50 mil brasileiras viajem ao local para a visita do Santíssimo Padre. Enquanto todos compra centenas de quilos de comida para vender, como ambulantes, Beto tem uma idéia melhor: construir um banheiro para atender às necessidades fisiológicas dos fieis.

Seja pela histórica vocação católica, seja pela necessidade de correr atrás do dinheiro com o que se tem ao alcance (e sempre apelando para a inventividade divertida), “O Banheiro do Papa” é um delicioso presente aos brasileiros, com o qual nós nos identificamos facilmente.

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