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Reportagens

Centenário da morte de Machado de Assis

Imortal também no cinema

Por Luiz Joaquim | 25.09.2008 (quinta-feira)

O conjuto de uma obra genial como a de Machado de Assis nunca passaria incólume pela fome criativa de alguns cineastas e da constante busca por audiência de produtores da TV. É certo que as adaptações para o cinema contam em bem maior número que as adequações para a tela pequena. Numa pesquisa, identificamos 21 filmes criados a partir da escrita de Machado, e três novela ou mini-série televisas tendo como efígie norteadora o trabalho do romancista.

Nesta conta, é preciso considerar que o cinema é uma expressão com mais tempo de estrada que a TV, sendo a primeira versão cinematográfica da obra de Machado realizada lá nos anos 1930. “A Agulha e A Linha” (1937), não foi, na realidade, uma adaptação pelo idioma do cinema, mas um registro numa câmera de uma peça. A idéia foi do extinto Instituto Nacional do Cinema Educativo (INCE), dirigido por Roquette Pinto. A peça era uma adaptação teatral do conto “Um Apólogo”. O filme se perdeu, e o INCE chamou Humberto Mauro para fazer uma ficção homônima a partir do mesmo conto.

Depois de um longo período adormecido, Machado foi ‘redescoberto’ nos anos 1960 por nomes potentes do cinema nacional. O infalível Carlos Hugo Christensen fez “Esse Rio que Eu Amo” (1961), com as estrelas Jardel Filho e com textos Odete Lara, e com textos de Orígenes Lessa (colaborador antigo de Christensen) e Millor Fernandes. Logo depois, o respeitado Nelson Pereira dos Santos faz o documentário “Esse Rio que Eu Amo” (1965). Em 1971, Nelson Pereira retomaria a obra do escritor dirigindo “Azyllo Muito Louco” (a partir de “O Alienista”). Em 1982 realiza “Missa do Galo”, de um conto homônimo no livro “Páginas Recolhidas”; e em seu mais recente trabalho, “Brasília 18%” (2006), o diretor dá nome de imortais para seus personagens. Quem leva o nome de Machado é o ator Ludy Montes Claros.

Em 1968, o Cinema Novo, via Paulo César Saraceni, estréia “Capitu”, adaptado de “Dom Casmurro”. Ainda em 1968, o Cinema Marginal dá sua resposta com “Viagem ao Fim do Mundo”, dirigido por Fernando Cony Campos, baseado nos capítulos ‘O Delírio’ e ‘O Sermão do Livro’ do romance “Memórias Póstumas de Bras Cubas”.

Os anos 1970, domínio da Pornochanchada, viu ainda mais cinco adaptações: “A Causa Secreta” (1972), de José Américo Ribeiro; “A Cartomante” (1974), de Marcos Farias – que ganhou outra versão, essa desastrosa, em 2004 por Wagner de Assis e Pablo Uranga, com Deborah Secco sem silicone no elenco; e “Um Homem Célebre”, de Miguel Faria Jr. Todos eles são baseados em contos homônios do livro “Várias Histórias. Em 1975, Adnor Pitanga faz “Confissões de uma Viúva Moça”, do conto no livro “Contos Fluminenses”; e em 1978 Geraldo Vietri faz, do romance “Iaiá Garcia”, o filme “Que Estranha Forma de Amar”.

Em 1982, Alexandre Vancellote faz a segunda versão para “A Cartomante”. Três anos depois, Júlio Bressane adequa “Bras Cubas”. Com um resultado curioso, vemos no elenco o então jovem Luiz Fernando Guimarães. Em 1987, Roberto Santos traz para os dias de hoje, de forma singular e interessante, “Quincas Borba”.

Os anos 1990 não registram Machado no cambaleante cinema brasileiro. Mas em 2001, André Klotzel realiza “Memórias Póstumas”, com Reginaldo Farias, Sônia Braga e Walmor Chagas. Klotzel acertou a mão e imprimiu o tom preciso que se vê nas ironias refinadas no texto de Machado. O seguinte filme foi o desastre “Dom” (em 2003, de “Dom Casmurro”), por Moacyr Góes. No elenco, Marcos Palmeiras é o Bentinho, Maria Fernanda Cândido é Ana e Bruno Garcia, Miguel.

Na TV, Gilberto Braga adaptou “Helena” para Rede Globo, que também levou ao ar em 1993 a mini-série “O Alienista” e em 1999, “Trio em Lá Menor”, a partir do conto de nome igual. A notícia recente é que a Rede Record programa para o final do ano duas novas minisséries tiradas de dois de seus contos. Um deles é “O Óculos de Pedro Antão”. A produção será terceirizada e o elenco não foi definido, mas sabe-se que optarão por nomes estelares.

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