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Críticas

Australia

A rainha do gado

Por Luiz Joaquim | 23.01.2009 (sexta-feira)

“Austrália” (EUA/Aust. 2008), de Baz Luhrmann, é um elefante obeso, mesmo para os padrões dos elefantes. E ele se arrasta por 165 minutos cansados e cansativos para tentar nos situar numa história iniciada em 1938 e que abrange a situação opressiva sofrida pelos nativos daquele país até os anos 1970. Passeia ainda por temas como o racismo, maternidade, relacionamentos inter-raciais e emancipação feminina, entre outros. Apesar da diversidade de possibilidade de um bela dramatização que os temas sugerem, o diretor australiano optou pela melodramatização.

Se no anterior “Moulin Rouge!” (2001), Luhrmann saturou ao máximo a expressão “I Love You” nas vozes de Nicole Kidman e Ewan McGregor, agora o cineasta satura a melodia da música “Somewhere Over the Rainbow”, clássico sagrado para milhares que fãs que amam as aventuras da garota Dorothy em “O Mágico de Oz”.

Antes da melodia virar um personagem no filme vale situar que dois momentos dividem o elefante em duas partes clara. Na primeira, a aristocrata inglesa Sarah Ashley (Kidman) decide ir à Austrália encontrar o marido para reerguer a fazenda Faraway Downs. Quem vai cuidar dela, atravessando o vasto país até a fazenda, é o homem de confiança de seu marido, a quem todos chamam de O Capataz (Hugh Jackman).

Já nesse primeiro encontro, Luhrmann brinca forte (no mal sentido) com o clichê esbarrão da bela com a fera. Da ‘civilização’ com a ‘barbárie’. Enquanto Sarah preocupa-se com as sedas em suas malas, o Capataz briga num bar sem aparente razão de acontecer.

A idéia de passar humor continua na medida em que a estrangeira se defronta com a rusticidade do lugar e de Faraway. Só quando descobre que precisa tocar a fazendo sem o marido, e que estava sendo roubada pelo barão do gado no país (Bryan Brown), e que “Austrália” busca o perfil um filme de ação; com direito a Nicole como boiadeira e Jackman fazendo cara de mandão com seus peões improvisados.

A melodramatização inicia cedo, quando a estério Sarah se apega à criança mestiça Nulllah (Brandon Waters) – tentando acalmá-lo com a canção de “O Mágico de Oz” (e nunca mais parando de tocar em momentos críticos da história).

A “adocicação” rasgada fica mais doce no início do romance iniciado com o Capataz. Luhrmann não consegue disfarçar seus exageros quando, numa paragem, mostra Jackman tomando um banho para Nicole flagrar e o visse como se estivesse num concurso de halterofilismo.

Na segunda fase, “Austrália” deixa de tentar ser um épico pelos motivos patrióticos para tentar ser um épico familiar, com Sarah correndo atrás de justiça para manter o pequeno aborígine para si.

Carregando um peso maior que pode suportar, o elefante de Luhrmann só não entedia o publico totalmente em função das belas paisagens nas locações, que, no final, acabam abafadas pela heresia com “Somewehere Over The Rainbow”.

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