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Críticas

Força Policial

Família de elite

Por Luiz Joaquim | 27.02.2009 (sexta-feira)

Curioso como alguns gêneros cinematográficos em Hollywood (ou sua produção em proeminência) estão vinculados a uma época específica. É o caso do “policial”, que viu seu ápice nas saudosas realizações dos anos 1970. Para matar a saudade, chega hoje às telas um belo exemplar do gênero. “Força Policial” (Pride & Glory, EUA, 2008), do diretor estreante no cinema Gavin O’Connor, é bom exatamente por ir além do simples “solucionar o caso”, concentrando-se também no psicológico de seus protagonistas, envolvendo questões que passam pela ética e moral.

“Força Policial” mata a saudade mas sem saudosismo. É um filme moderno – não ‘modernoso’ – que segue uma linha narrativa temporal contínua, exigindo atenção do espectador pela sua capacidade de absorção e compreensão sobre o estado de espírito de seus personagens. Nesse sentido, a atuação das figuras masculinas de Edward Norton (Ray), Colin Farrell (Jimmy), Noah Emmerich (Francis) e Jon Voight (o patriarca Tierney) são precisas.

O enredo foca uma situação família de policiais que conflita com uma situação profissional, o que faz lembrar de um outro bom filme recente do gênero, “Os Donos da Noite” (2007). No novo filme, quatro policiais da 31á DP de Nova Iorque foram assassinados numa emboscada. Para ajudar a resolver o caso, o responsável pelo departamento, Francis, volta a trabalhar com o irmão, o investigador Ray, afastado no passado mas voltando à ativa à pedido do pai Tierney. Há ainda Jimmy, policial subordinado a Francis, que entrou para a família casando com a irmã do chefe.

O que pode parecer confuso nesta sintética apresentação está, na verdade, muito bem distribuído em ritmo e tensão ao longo do filme, cujo enredo empurra a trama para frente sempre num crescente de envolvimento tanto com os problemas pessoais dos protagonistas quanto no ponto crucial da história, ou seja, encontrar os responsáveis pelo assassinato dos policiais.

E é essa proximidade conduzindo o espectador à vida pessoal dos personagens que reforça a amarra emocional com o filme como um todo. “Força Policial” mostra os homens da lei no formato ‘macho’ quando devem ser assim, mas também abre uma janela para o íntimo deles, redesenhando um traço humano não comum de ver em filmes assim.

É o caso do drama de Francis com sua esposa sofrendo com câncer, ou do casamento no fim da linha de Ray. O único com uma vida familiar aparentemente em paz é Jimmy. O curioso aqui é ver os justos sofrendo em casa, enquanto os não tão justos gozam de felicidade. Essa leitura, falando assim, pode até soar manipuladora pelo filme, mas, num segundo pensamento, só mesmos os justos para sofrerem com questões sobre ética e moral, o que ratifica toda a coerência no roteiro de “Força Policial”.

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