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Críticas

Café dos Maestros

A construção de um tango

Por Luiz Joaquim | 06.03.2009 (sexta-feira)

Estreia hoje no Cinema da Fundação “Café dos Maestros” (Cafe de Los Maestros, Arg., Bras., Ing., EUA, 2008), documentário de Miguel Kohan, produzido por Walter Salles e roteirizado pelo argentino Gustavo Santaolla, compositor de trilhas sonoras de filmes como “O Segredo de Brokeback Mountain”, “Colateral”, “Shrek 2”.
Mas do que trata essa co-produção internacional? A mais simples relação que se tem feito desde sua estréia em São Paulo ano passado é a de que “Café dos Maestros” seria uma versão argentina, para “Buena Vista Social Club”, de Win Wenders, só que atentando para o tango no lugar do ritmo cubano.

De fato, a estrutura e os personagens de “Café…” remete à obra do alemão rodada há dez anos (e que foi um dos grandes sucessos de público no mesmo Cinema da Fundação). Isso porque, tanto num quanto noutro filme, há um olhar carinhoso e reverência de um jovem músico para uma geração mais antiga que foi, senão esquecida, relegada a um lugar menor daquele que seu talento merece. Para reforçar a semelhança, a produção também termina numa apoteótica apresentação coletiva dos artistas celebrados no suntuoso Teatro Colón.

À maioria do público brasileiro serão desfilados na tela uma seleção de respeitáveis senhores e senhoras desconhecidos, mas que em seus depoimentos revelam rapidinho a grandeza de suas histórias. Conquistam mesmo é quando abrem a boca ou empunham seus instrumentos para entoar um cantar cheio de emoções do melhor Tango que se pode produzir. Alguns destes artistas são Ubaldo Aquiles De Lio, Aníbal Arias, Ernesto Baffa, Emilio Balcarce, Oscar Berlingieri, Gabriel Chula Clausi, Juan D’Arienzo, Emilio De La Peña, Carlos Di Sarli, Virginia Luque e Lagrima Rios.

Há, em “Café…”, uma muito bonita relação audiovisual entre o ritmo argentino e a capital Buenos Aires, como também conhecemos um pouco de Cuba em “Buena Vista…”. Talvez o maior diferencia entre os dois filmes esteja na pontuada condução do compositor Ry Cooder conversando cara a cara com os cubanos, enquanto que no argentino a figura de Santaolla aparece em quadro mas é apenas como a de um admirador aparentemente incondicional.

Essa passionalidade, falta de distanciamento, acaba fazendo de “Café…” mas uma homenagem que um documentário analítico. Mas, a força do bom Tango mostrado aqui é tão forte que embala qualquer limitação narrativa que possamos identificar por aqui.

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