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Reportagens

O Sertão pela ótica das crianças

Wildes Sampáio lança o 2º CineSertão na Fundaj (Recife)

Por Luiz Joaquim | 09.03.2009 (segunda-feira)

Onde há um vazio deixado pelo governo do Estado no que se refere a educação da linguagem audiovisual para estudantes do ensino fundamental, existe um belo trabalho realizado por um jovem rapaz chamado Wildes Sampáio, cuja segunda edição de seu projeto – o CineSertão – é exibida hoje no Cinema da Fundação, às 19h30, com entrada franca.

Há alguns anos, Wildes, oferece em Salgueiro (na Sertão Central, a 513 quilômetros do Recife) um curso de produção de vídeo pelo qual crianças da rede pública desenvolvem roteiros de ficção ou documental. A partir dos melhores trabalho, Wildes produz os curtas e são cinco dos melhores exemplares desta edição, cujo tema foi “Meu Sertão, Meu Lugar”, que serão mostrados hoje.

O primeiro curta-metragem, “A Herança do Vaqueiro Apaixonado”, foi escrito por Janilson Nascimento, estudante da 3ª série em Salgueiro com 9 anos de idade. Conta a história do avô que não conheceu. Ele foi um vaqueiro, assim como sonha ser Janilson. “Algo raro hoje em dia”, comenta Wildes.

O segundo filme, “Ana Maria”, é de autoria de Karolayny Ferreira, da 5ª série, e foi gravado na bela paisagem da Ilha do Massangano, divisa da Paraíba e Pernambuco. “As águas são tão azuis que a paisagem se confunde com a de Fernando de Noronha”, diz o diretor. A historia mostra um casal de pré-adolescentes numa sala descobrindo o amor e o primeiro beijo.

Depois é mostrado “Meu sertão, Meu lugar”, escrito por Mayra Galvão, da 7ª série, no qual participa um virtuoso músico infantil, Daniel Itabaina, 13 anos. “Ele deve gravar seu primeiro CD este ano”, adianta Wildes. “Quando o projeto foi lançado em Salgueiro no último 21 de dezembro, ele fez um show de abertura com sua sanfona”.

O quarto filme, “Orgulho”, é uma revisão da vida pessoal de sua autora, Sanelly Souza, 20 anos, que só veio a conhecer o pai no velório deste. Já o último vídeo, “Seu João”, fala de um sertanejo muito pobre, que mora numa casa de taipa e que teve dez filho. Todos migraram para o Sul. Quando sua caçula também está partindo ele profetiza que, ao voltar, vai trazer chuva para o Sertão. Tudo soa como mais uma canto, prece ou lamento para que chova naquele lugar tão necessidade de vida.

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