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Reportagens

Recife ganha nova sala com projeção digital

Cidade ganha mais uma janela para os filme chamados alternativos

Por Luiz Joaquim | 19.03.2009 (quinta-feira)

Uma boa notícia para os cinéfilos. Desde de sexta-feira, o Recife está servido com mais um espaço com projeção cinematográfica digital profissional. Trata-se da sala 3 do complexo Box Cinemas, em Jaboatão dos Guararapes. O multiplex, que já havia inaugurado em outubro de 2008 a projeção 3-D Digital na sala 5, agora oferece os serviços de projeção digital da empresa Rain Network Brasil. O mesmo que opera no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco desde março de 2007.

Há uma distinção entre os sistemas operacionais da sala 5 e 3 que não se restringem apenas na tecnologia mas também no que um e outro pode disponibilizar em termos de proposta curatorial. Enquanto o sistema da sala 3 trabalho com títulos em 3-Dimensões distribuídos pelas majors (Universal, Disney, Paramount, Fox e outras), o sistema da Rain, na sala 3, tem no grosso de seu catálogo filmes distribuídos por empresas menores (Imovision, Filmes do Estação, Pandora, Paris Filmes e outras.).

São estas distribuidoras as responsáveis por colocar no Brasil os principais títulos comumente chamados de filmes de “arte” ou “alternativo”, assim como é o título que inaugurou o novo equipamento no Box: “O Visitante” (The Visitor, 2007) que é um trabalho independente norte-americano de Thomas McCarthy pelo qual o ator Richard Jenkins (de “Queime Depois de Ler”) concorreu mês passado ao Oscar de ator. “O Visitante” (veja crítica abaixo) é distribuído pela MovieMobz.

Com a novidade, o Cinema da Fundação deixa de ser a única sala no Grande Recife a ter a possibilidade de exibir algumas obras que só chegam ao mercado no formato digital, como aconteceu com “The Brown Bunny”, “Cartola: Música para Os Olhos”, “Café dos Maestros” e o documentário “Joy Division” entre outros.

Isso não significa que o perfil da sala 3 do Box passa a ser automaticamente “alternativo”. É algo que vai depender exclusivamente do programador do grupo, no Rio de Janeiro. Isso porque o equipamento com o sistema Kinocast da Rain, que está ali instalado desde o final de fevereiro, também dispõem de obras ‘pipoca’ do tipo “Lição de Amor”, “Quem Quer Ser Um Milionário?” e outros do gênero..

Mas, a julgar pela próximo título na lista a ser lançado por lá, no final de março, a intenção é mesmo fazer da sala 3 um espaço nobre para as imagens. De acordo com a gerência do Box Guararapes, está na pauta estrear a ópera-filme “Madame Butterfly – Giacomo Puccini” (também da MovieMobz), regido por Patrick Summer e estrelado por Cristina Gallardo-Domâs. Um sucesso encenado no Metropolitan Opera de Nova Iorque. É um presente para os fãs de ópera, que poderá ser vista em imagem de alta definição e com som 5.1 digital.

O VISITANTE
No mesmo fim de semana em que uma passeata com 300 pessoas em Copacabana, Rio de Janeiro, aconteceu reivindicando a permanência do garoto Sean Goldman (8 anos) no Brasil, cuja mãe faleceu e o pai vive nos EUA, chega às salas do país “O Visitante”, um trabalho delicado de Thomas McCarthy a respeito da imigração e desejos não-realizados que poderia ter dado um Oscar ao ator Richard Jenkins.

A estrutura dramática se constrói em torno de um renomado professor de economia, Walter (Jenkins, ótimo em sua contenção), que há mais de 20 anos faz a mesma coisa no plano automático ao mesmo tempo em que, cada vez mais, após a morte da esposa pianista, busca uma salvação na música.

Um mal-entendido o faz conhecer um imigrante sírio, Tarek (Haaz Sleiman), e sua companheira senegalesa Zainab (Danai Gurira). Pela música de Tarek, percussionista profissional, ambos vão criando uma amizade incomum que pelas lentes de McCarthy deixa exalar a harmonia que se pode alcançar quando os objetivos são os da arte, da beleza. Mesmo vindo de duas pessoas tão distintas.

As diferenças culturais entre o sisudo, reto e triste Walter e o alegre e generoso Tarek estão nos gostos pessoais, que em “O Visitante” contrastam mais como ‘soma’ e menos como ‘diferença’. Além de ótimas interpretações, temos também música de boa qualidade e o elenco ainda nos brinda com a presença da sempre bem nazarena Hiam Abbass, protagonista de “Lemon Tree”, exibido em janeiro no Cinema da Fundação, em projeção digital disponibilizada pela Rain Network Brasil.

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