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Reportagens

A sabedoria da não-luz

Alumia, de Carol Vergolino e Andréa Ferraz

Por Luiz Joaquim | 26.06.2009 (sexta-feira)

Uma comunidade composta por 19 famílias em Custódia, no Sertão do Moxotó, em Pernambuco (a 334 km do Recife), vira objeto do média-metragem “Alumia”, dirigido por Carol Vergolino e Andréa Ferraz, que ganha lançamento segunda-feira (29-jun) no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, às 19h30, com entrada franca.

Na tal comunidade, no Sítio São Francisco, não há corrente elétrica e o curta, inicialmente, queria esse mote como foco. “Quando tudo começou, a nossa idéia era mostrar um retrato da comunidade que vive sem luz nos dias de hoje, levantando o questionamento: será que isso faz diferença?”, declara Andréa Ferraz. “Mas quando nos deparamos com a realidade, a vida de sertanejo mesmo, de gente que dorme e acorda pensando em como vai comer, o documentário ganhou uma dimensão maior”, complementa.

Inicialmente a idéia das diretoras era fechar o documentário em até 25 minutos, sobre uma comunidade que ainda vivia no escuro. Mas a riqueza de vida e sabedoria das pessoas que encontraram terminou transformando o projeto, que ficou com 55 minutos, muito mais sobre o jeito de pensar desse povo do que sobre a luz elétrica.

A água chegou no final de 2005 como benefício do programa “Um Milhão de Cisternas”, do Governo Federal. A luz em 2006. “Logo depois que a equipe de filmagens passou por lá, a prefeitura, que patrocinou a estadia do grupo em Custódia, fez e cumpriu a promessa de resolver logo o problema do escuro”, diz Carol Vergolino.

“Alumia” foi rodado em 2006, com financiamento da Chesf, com duas câmeras digitais e sem a utilização de luz artificial, respeitando a realidade que se queria transmitir, por isso a maior parte das cenas foi feita durante o dia.

A equipe passou uma semana no local, filmando e colhendo os depoimentos de personagens como Seu Luiz, que compara a escuridão ao analfabetismo, ou Aninha, que assumiu a liderança da comunidade e diz que acredita na vida, acredita nos outros e não quer trocar o sítio pela cidade. Aninha quer melhorar o lugar onde vive e acha que com água e luz vai ficar tudo muito bem por lá. Tem ainda Seu Antônio, de 80 anos, com sua certeza de que não precisa de água de cisterna e nem de luz, mas faz planos para parar de fumar. E seu Manuel, que diz “a tristeza é só uma ilusão”.

SERVIÇO
lançamento do média-metragem “Alumina”
De Carol Vergolino e Andréa Ferraz
segunda-feira (29-jun-2009), no Cinema da Fundação, às 19h30
Entrada franca

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