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Filme terá Murilo Rosa e Isaiah Washington, de Grey s Anatomy

Por Luiz Joaquim | 04.08.2009 (terça-feira)

FORTALEZA (CE) – Talvez o Ceará nem se dê tanta conta que deve muito ao cineasta local Halder Gomes por ele levar sua cultura ao exterior, e trazer o “exterior” ao Ceará, com os filmes que realiza. A mais nova audácia de Halder é a ficção científica “Área Q”, que começa a rodar dia 8 de setembro em Quixadá e Quixeramobim (interior do Ceará) e, a partir de 15 de outubro, em Los Angeles (EUA). No elenco, Halder terá Isaiah Washington (o doutor Preston Nurque, da série “Grey’s Anatomy”) e o ator brasileiro Murilo Rosa.

Esta não é a primeira incursão de Halder numa produção com estrangeiros. Na verdade, sua carreira no cinema foi derivada de uma outra paixão, a da luta de artes marciais, que o levou a trabalhar como dublês em produções norte-americanas. Dessa atividade, nasceu um projeto vitorioso no home-vídeo chamado “Sunland Heat” (2004), rodado no Ceará com elenco gringo e falado em inglês, o qual Halder vendeu para mais de 13 países.

Daí, foi um pulo para o curta satírico “Cine Holiúdy: O Astista Contra o Caba do Mal” (2004) – escreve assim, errado mesmo – e “Loucos de Futebol” (2007), no qual retrata a angústia e felicidade do torcedor (do Fortaleza, seu time de paixão) durante um jogo no estádio. O filme circulou por mais de 50 festivais mundo afora.

No mesmo anos, Halder também dirigiu seu segundo longa, o terror “The Morgue”, com um detalhe: o realizou todo nos EUA, com elenco de lá e orçamento de um milhão de dólares. O projeto surgiu da amizade de Halder com o carioca Gerson Sanginitto, da produtora americana Reef Pictures.

EXTRATERRESTRES
“Área Q” também é uma produção da Reef e na verdade, quem o dirige é Gerson. “Ele tinha o projeto de um roteiro sobre ufologia para o canal de TV Sci-Fi Channel, e ia rodar no Arizona (EUA). Até que falei para ele sobre Quixadá e expliquei que lá era uma locação plasticamente fantástica, além de ser conhecido mundialmente pelo ufólogos por suas históricas místicas”, conta Halder.

Após apresentar imagens, estudos e relatos sobre a região, Halder convenceu Gerson sobre a idéia de filmar no Brasil. “A coisa lá é tão impressionante que, para você ter uma idéia, é de lá o único caso do INSS de aposentadoria por abdução”, conta rindo. Após conquistar Gerson, o cineasta se trancou por três semanas com o diretor e Carina Sanginitto para reescrever o novo argumento, que incluía o cenário brasileiro como fundamental na história.

Também do Ceará, estará no filme o talento de Márcio Ramos (diretor de “Vida Maria”), que assume a supervisão de efeitos especiais. Participação cujo mérito, Halder faz questão de esclarecer, não é por bairrismo, mas por competência. “Márcio apresentou um estudo para Gerson que considerou melhor que seu colega lá dos EUA”.

Sobre a participação de Isaiah Washington, Halder lembra de um comentário engraçado feito pelo ator após ler o roteiro. “Ele perguntou: esse papel não seria para o Denzel Washington?”, lembra o cineasta cearense. “A brincadeira foi porque Isaiah percebeu que ali estava uma história com um arco dramático muito grande para um ator”.

Já o Murilo Rosa, que viverá três personagens no filme, entrou no projeto por conta de uma amizade antiga com Gerson em função de ambos terem lutado em competições de Taekwondo. “O Murilo era um lutador de nível de seleção nacional”, atesta Halder.

Sobre o enredo, Halder adianta que tudo começa nos anos 1970, no interior do Ceará com um homem sendo abduzido por uma luz misteriosa. “Daí, corta para os EUA nos dias de hoje onde conhecemos um jornalista conceituado (Isaiah), mas com problemas pessoais, que perdeu a vontade de viver, perdeu a fé, que começa a beber bastante e a ter problemas no trabalho, além de acumular problemas com a polícias de LA. Nesse ponto, por necessidade e a contragosto, ele se vê obrigado a vir cobrir uma história de aparição de disco voador no interior do Brasil”, adianta.

E continua: “Na verdade ele fica chateado por achar que vai cobrir uma história de tablóide mas a história ganha nuances sérias quando a medicina assume que pessoas, antes em doença terminal, ficaram saradas. São pessoas que foram abduzidas e, embora a ciência não reconheça o fenômeno, ao menos reconhece a cura, o que abre os olhos da imprensa séria”.

Com “Área Q”, Halder e Gerson inauguram um gênero inédito em longas-metragens brasileiro, e inovaram também na história da cinematografia cearense, fazendo aqui a primeira co-produção Ceará-Hollywood.

É um projeto que Halder preza em demasia também pelo fato de a locação no Ceará estar numa fazenda de seu pai, José Rolin Gomes, que faleceu há pouco, dia 9 de julho. “Só por isso, independente do que eu fiz e venha a fazer no cinema, esse trabalho é o mais importante da minha vida”, afirma emocionado o diretor que pretende lançar “Área Q” dia 11 de abril nos EUA. Quem sabe o privilegiado estado do Ceará faça uma première antes.

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