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Críticas

Tá Chovendo Hamburger

Olha para o céu e abra a boca

Por Luiz Joaquim | 02.09.2009 (quarta-feira)

Desde que estreou em 2006 com “O Bicho Vai Pegar”, a Sony Pictures Animation não emplacou respeito no já acirrado campo de animação em longas-metragens. E ainda não será desta vez, com o agora em 3-D Digital “Tá Chovendo Hambúrguer” (‘Claudy with a Chance of Meetballs”, EUA, 2009), de Phil Lord e Chris Miller. O próprio título do filme parece não se levar a sério. E isso não seria um problema, na verdade, se o filme não se levasse a sério também. Mas não é assim o que acontece.

Há aqui um discurso nobre, mas óbvio demais – da forma como é posto – sobre a importância de ser manter uma alimentação equilibrada, sem excessos. Na verdade, este “É” o mote, mas há também um desdobramento em outras lições que passam por respeitar, ouvir e obedecer aos pais, além de perseverar no seu sonho, independente do que digam a respeito (o assunto preferido de Hollywood). A questão é que muitas vezes, quanto mais sutil a lição, melhor assimilada ela é, mas em “Tá Chovendo…” sutilezas não passam perto.

A animação em si também não é cativante para os olhos, e isso pode ser entendido como um crime nos dias violentamente concorridos da animação hoje. Também não tem bichinhos falante (exceto por um macaco feio e sem graça), opção pela qual o filme poderia tirar proveito sobre essa fórmula cansada entre seus concorrentes.

Difícil identificar a que faixa etária de espectador se dirige “Tá Chovendo Hambúrguer”. Não pelo mérito de ser uma história acessível a todas as idades, mas pelo demérito de ser uma história óbvia demais para os adultos, e professoral demais para as crianças. Talvez essa distinção não tenha sido um problema para o livro infantil homônimo, escrito por Judi Barret em 1978, mas hoje, no filme, é.

No enredo, uma ilhazinha isolada no meio do Atlântico sobrevive da pesca de sardinha, e se vê cada vez mais isolada e esquecida do resto do mundo, até que o jovem Flint Lockwood, apaixonado por invenções desde criança, cria uma máquina capaz de transformar água em qualquer comida a seu comando. É quando a máquina vai parar nas nuvens da ilha e, ao começar a chover, cai hambúrguer e mais um cardápio completo do céu.

A idéia de cair comida do céu, no mundo em que se vive hoje, estimula a imaginação de qualquer um que pense em problemas sociais no planeta. E mesmo este sendo o raciocínio de um adulto, nada impede que fosse astutamente incorporado num filme infantil. Mas “Tá Chovendo…” não precisa de justificativas fora dele para torná-lo modesto como ele já é.

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